Por juliana.stefanelli

Damaco (Síria) - O regime de Bashar al Assad criticou nesta terça-feira o encontro realizado ontem pelos chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Reino Unido e França e afirmou que os países ocidentais manipulam o diálogo entre os sírios para alcançar seus próprios interesses.

Em comunicado, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Síria disse que o encontro revela a realidade dos objetivos desses países e "suas tentativas de antecipar os resultados de um diálogo entre os sírios para impor sua vontade".

Os ministros das Relações Exteriores dos EUA, John Kerry, do Reino Unido, William Hague, e da França, Laurent Fabius, advertiram ontem que o desmantelamento das armas químicas aceito por Damasco precisa ser feito com firmeza e frisaram que a opção de uma intervenção militar continua aberta.

Para o regime sírio, os ministros "tentaram fazer propaganda de suas posturas contraditórias e pactuar seus argumentos de apoio a uma solução política, o que confirma seu envolvimento na crise síria e suas tentativas de impor suas agendas e vontades ao povo". A fonte argumentou que falar da legitimidade política e constitucional na Síria é direito exclusivamente de seus cidadãos e que nem os EUA nem seus aliados podem tirar isso dos sírios nem impor sua vontade.

Além disso, acusou esses países de estarem envolvidos na continuação da violência e no apoio a "grupos terroristas", como a Frente al Nusra, ligado à Al Qaeda, "que continua seus crimes contra o povo sírio para prolongar o conflito". A fonte destacou que Bashar al Assad "é o presidente legítimo eleito pelos sírios e assim seguirá", e indicou que qualquer processo político pactuado deve respeitar a escolha dos cidadãos.

No sábado passado, Kerry e o chanceler russo, Sergei Lavrov, anunciaram que tinham alcançado um acordo para o desmantelamento do arsenal químico da Síria e para evitar uma intervenção militar americana no estado árabe. Fabius disse ontem que os esforços para conseguir uma negociação entre as autoridades de Damasco e a opositora Coalizão Nacional Sírio (CNFROS) continuariam.

Nos últimos dias, a assembleia geral deste organismo se reuniu em Istambul (Turquia), onde analisou o acordo russo-americano. No comunicado final da reunião, a CNFROS classificou o pacto de "assunto de procedimento" e argumentou que ele "não levará os autores de crimes perante a justiça".

A CNFROS pediu que a comunidade internacional arme o Exército Livre Sírio (ELS) e afirmou que o pacto EUA-Rússia é considerado pelo regime como "um mandato para cometer crimes e massacres com armamento convencional".

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