Por tamyres.matos

Rio - Na última semana, o mundo comemorou a queda de 33% nos novos casos da Aids, entre 2001 e 2012, em relatório da ONU. No Estado do Rio de Janeiro, porém, no lugar de festa, alerta. No mesmo período, a incidência da doença cresceu e avançou, especialmente, entre os jovens e as gestantes.

O último ‘Boletim Epidemiológico DST/Aids e Hepatites Virais’, da Secretaria Estadual de Saúde, aponta aumento de 100% na infecção pelo HIV entre as adolescentes de 13 e 19 anos e de 47% entre rapazes de 20 a 24. Segundo o relatório, em 2000, foram 36 mulheres infectadas, contra 70 em 2011. Entre os homens, a taxa subiu de 169 para 249. Já entre gestantes, houve crescimento de 30% desde 2005.

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Números da AidsArte O Dia

“A Aids está em patamares elevados e temos que acelerar a queda de casos, com políticas focadas. Temos um desafio com os jovens. É um grupo bem informado, mas não percebe os riscos como deveria”, avalia o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da secretaria, Alexandre Chieppe.

Segundo ele, entre as prioridades das ações estão, além dos jovens, homossexuais e grávidas. No próximo mês, será lançada campanha, com foco nas redes sociais. Gustavo Magalhães, gerente do Programa de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde, acredita que os jovens não mudam o comportamento, por não ser de uma geração que conviveu com ídolos morrendo por Aids.

Segundo ele, na capital, o número de casos segue estável e a mortalidade apresenta aumento. “Isso é ruim. Temos que reduzir as taxas. As pessoas morrem porque descobrem a doença tarde ou não encontram atendimento especializado”, aponta.

Nos últimos três anos, o número de casos no estado não sofreu grande alteração, permanecendo na faixa de 5 mil soropositivos. Segundo Chieppe, na década de 80, a Aids estava mais concentrada nas capitais e grandes centros, panorama que mudou.

Nos postos de saúde do Rio%2C resultados de testes de Aids saem em 15 minutosDivulgação

“Nos últimos anos, vemos uma interiorização da doença. A tendência é que vá para as cidades pequenas”, disse Chieppe.

Tratamento com antirretroviral diminui as chances de transmissão da doença

Em âmbito nacional, os grupos considerados mais vulneráveis são homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas e mulheres profissionais do sexo, de acordo com Brenda Hoagland, da Fiocruz, Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, da Fiocruz.

Ela lembra que o crescimento entre os jovens pode ter relação ao início da vida sexual cada vez mais precoce e não adoção dos métodos de prevenção. “Inicialmente, a doença foi identificada em homossexuais. Mas não podemos relacioná-la diretamente ao homossexualismo. A infecção depende de fatores de risco na prática sexual”, aponta.

Brenda explica que o sexo anal é o que oferece maior risco de infecção, já que a região é mais sensível e suscetível a lesões. Se o parceiro contaminado não fizer tratamento com antirretroviral, as chances de transmissão aumentam, já que há mais vírus circulando no sangue.

Em relação às gestantes, a especialista conta que muitas descobrem a Aids durante o pré-natal e que, com tratamento adequado, é possível proteger o bebê. Se for descoberto antes do parto, mãe e bebê recebem medicamento contra a doença. “Ao nascer e depois, aos 2 anos, o bebê faz o teste”. A partir do ano que vem, o Ministério da Saúde vai ioncluir nas estatísticas todos os casos de contaminação pelo vírus HIV. Hoje, são registrados apenas soropositivos com CD4 abaixo de 350 (o normal é 50).

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