Por bianca.lobianco

Estados Unidos - A Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos negou nesta quinta-feira ter interceptado os bancos de dados do Google e do Yahoo, empresas multinacionais de serviços online que hospedam e desenvolvem uma série de serviços e produtos na Internet. Em agosto, o Google informou que não poderia dar garantias de segurança de privacidade aos seus usuários, depois que a empresa foi levada à Justiça americana para responder a um processo de usuários que alegavam espionagem de dados.

A declaração da NSA foi feita pelo diretor da agência, Keith Alexander, depois que o jornal Washington Post divulgou informações de que a agência, secretamente, acessou dados de usuários em todo o mundo. O diretor disse que as informações são "incorretas" e que seria ilegal a interceptação desses dados pela NSA.

Ele destacou que o acesso aos dados são feitos mediante autorização judicial. “Seria ilegal fazermos isso”, acrescentou o diretor ao comentar as denúncias de acesso aos dados do Yahoo e do Google.

Nesta quarta-feira, o periódico americano citou documentos obtidos pelo ex-consultor de informática contratado pela NSA, Edward Snowden, e entrevistas com oficiais da agência informando que a NSA enviaria diariamente milhões de registros do banco de dados do Google e do Yahoo à sede da agência.

Nos últimos 30 dias, agentes da NSA teriam processado mais de 180 milhões de novos registros que incluem metadados, indicando por quem e quando e-mails foram enviados ou recebidos e incluem conteúdos como texto, áudio e vídeo.

NSA se defende com acusação de que Europa também espionava

A NSA também apresentou uma defesa incomum para as acusações de que teria espionado países aliados na Europa. Segundo a agência, os próprios europeus obtinham as informações antes de repassá-las aos norte-americanos.

É raro que autoridades de inteligência falem publicamente sobre seus contatos com agências de espionagem de outros países. Ainda mais excepcional é o fato de os EUA apontarem o dedo para seus parceiros.

Mas foi isso que o diretor da NSA, general Keith Alexander, fez durante uma audiência pública no Congresso nesta semana, quando, tentando se contrapor às queixas internacionais sobre supostos abusos da sua agência, disse que suas fontes para informações sobre telecomunicações no exterior incluíam "dados fornecidos à NSA por parceiros estrangeiros".

A revelação de Alexander representa mais um marco na atual fase de maior transparência da NSA, depois das revelações sobre suas atividades de espionagem que constavam em documentos vazados desde junho à imprensa mundial pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden, hoje refugiado na Rússia.

"É verdade que em geral ficamos de boca fechada sobre as relações de ligação de inteligência, e só falamos em termos mais gerais sobre a partilha de coisas com nossos amigos e aliados", disse Paul Pillar, ex-analista da CIA.

Mas, segundo ele, não há nada de errado em corrigir informações que vão a público, embora Alexander provavelmente tenha com seus comentários "criado ou exacerbado alguns problemas políticos" para vários aliados europeus.

"Dada a hipocrisia sendo exibida pelos europeus em dizerem que estão ‘chocados, chocados' por esse tipo de coisa acontecer -aliados espionarem aliados -, não acho que deveríamos nos sentir muito compungidos por fazê-los sentirem um pouco da pressão política interna se isso for necessário para colocar tudo em pratos limpos em uma das nossas próprias audiências parlamentares", disse Pillar.

Uma fonte oficial dos EUA disse sob anonimato que, antes de revelar que governos estrangeiros, como os da França e Espanha, coletavam registros sobre comunicações e os entregavam aos EUA, o governo Obama consultou os governos envolvidos.

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