Lei aprovada pelo Senado não permite uso da maconha por turistas. Estrangeiros com intenção de se mudar para lá estão consultando as embaixadas do país
Por bferreira
Uruguai - Embaixadas do Uruguai em todo o mundo estão sendo consultadas por interessados em obter residência no país sul-americano. Segundo informou ontem a agência Reuters, a procura se deve ao fato de a nação ter se tornado a primeira do mundo a regulamentar plantio, venda e uso da maconha, em lei aprovada pelo Senado na noite de terça-feira. De acordo com a nova regra, apenas cidadãos uruguaios poderão plantar a erva para consumo pessoal ou comprá-la em farmácias autorizadas pelo governo. Aos estrangeiros, a prática continua proibida.
Manifestantes a favor da liberação da maconha fizeram marchas comemorativas pelas ruas da capital EFE
“A ideia não é gerar um turismo de maconha”, avisou o chanceler uruguaio, Luis Almagro. “As consultas aos embaixadores são sobre como obter residência no Uruguai, que direitos a residência confere diante da nova lei, as condições para o turismo etc”, afirmou ao jornal ‘El País’. Para entrar em prática, a nova legislação precisa ser sancionada pelo presidente José Mujica, que é favorável.
Segundo o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas do país, Julio Calzada, interessados em comprar maconha terão de provar residência e estar em base de dados do governo.
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O objetivo da medida, segundo o governo uruguaio, é retirar dinheiro e poder de traficantes. Ontem, porém, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da ONU advertiu que a iniciativa viola tratados internacionais. A Convenção Única de Entorpecentes, de 1961, adotada por 186 países, entre eles o Uruguai, permite o uso da maconha apenas para fins médicos ou científicos, devido aos prejuízos para a saúde. O Escritório da ONU para Crimes e Drogas também condenou a nova lei.
Para plantar, os residentes no Uruguai devem ser maiores de 18 anos e cadastrados. Eles poderão cultivar até seis plantas, ou comprar o produto em clubes de usuários e em farmácias, com limite de 40 gramas por mês, por pessoa.