Filha de ex-miss da Venezuela não sabe da morte dos pais; artistas protestam
Maduro reúne autoridades para discutir violência
Por tamara.coimbra
Venezuela - A filha da ex-miss e atriz de novelas Mónica Spear, 29, ainda não tem consciência de que a mãe e seu pai, o empresário irlandês Henry Thomas Berry, 39, foram mortos a tiros durante um assalto na Venezuela na segunda-feira, afirmou Ricardo Spear, irmão de Mónica, em entrevista na quarta-feira ao canal NTV24.
Maya, de 5 anos, estava com os pais quando o veículo em que viajavam foi alvo de disparos após ter quebrado na estrada que liga Valência a Puerto Cabello, o maior porto venezuelano, no centro do país.
"Ao que parece, Maya não está consciente da situação, não sabe que seus pais foram mortos, assassinados", afirmou Spear na entrevista. "Ela não sabe que eles foram alvos de disparos. Eu imagino que Mónica, na intenção de protegê-la, a agarrou fortemente, (porque Maya) criou a história de que sua mãe lhe bateu."
Segundo Spear, Maya, se recupera em uma clínica particular de Caracas de um ferimento à bala na perna.
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O assassinato da ex-miss abalou o país de 29 milhões de venezuelanos, embora a população sofra há muito tempo com uma das piores taxas de criminalidade do mundo. De acordo com a ONG Observatório Venezuelano da Violência, a violência deixou mais de 24 mil mortos em 2013 no país, um dos cinco mais violentos do mundo, juntamente com Honduras, El Salvador, Costa de Marfil e Jamaica.
O crime estimulou que figuras públicas realizassem em Caracas na quarta-feira uma manifestação contra a violência. Depois de participarem de uma missa em memória da ex-miss, celebridades e fãs marcharam até a sede da Assembleia Nacional, onde entregaram um documento exigindo a melhora das políticas contra a insegurança.
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A manifestação foi realizada horas depois que o governo do presidente Nicolás Maduro se reunir com uma centena de prefeitos e governadores para conclamá-los a participar de uma reunião para preparar um plano de emergência contra o crime.
Durante o encontro, Maduro e o líder da oposição, Henrique Capriles, trocaram um raro aperto de mãos pela primeira vez desde o seu impasse eleitoral do ano passado.
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Maduro rotineiramente chama Capriles de "fascista" e "assassino", enquanto o líder da oposição critica seu rival como "incompetente" e "ilegítimo", desde que Maduro venceu a disputada eleição de abril com uma vantagem de 1,5 ponto percentual.
No entanto, eles deixaram as diferenças de lado para se cumprimentarem brevemente durante uma reunião de emergência convocada por Maduro com governadores no palácio presidencial de Miraflores. Capriles é o governador do Estado de Miranda, um dos mais afetados pela criminalidade.
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O encontro deles não deve mudar o cenário político, já que os dois permanecem distantes na polarizada nação sul-americana.
"Estou em Miraflores. Irei a qualquer lugar pela questão de segurança dos venezuelanos. Há um clamor nacional para acabar com a violência", disse Capriles no Twitter.
Capriles, de 41 anos, ainda não reconheceu publicamente a Presidência de Maduro, embora suas alegações de fraude tenham perdido força nos tribunais.
Maduro, de 51 anos, havia dito anteriormente que qualquer um que não tenha reconhecido a sua liderança não seria autorizado a entrar no palácio, mas vem mostrando uma atitude mais reconciliatória com a oposição.