Por tamara.coimbra
Egito - Quase todos os eleitores, 98,1%, aprovaram a nova Constituição egípcia no referendo realizado nos dias 14 e 15 de janeiro, que teve uma participação de 38,6%, segundo os resultados definitivos anunciados neste sábado pela Comissão Eleitoral.
Em entrevista coletiva no Cairo, o presidente da comissão, Nabil Salib, disse que 20,5 milhões de egípcios, dos 53 milhões chamados às urnas, participaram do referendo apesar do boicote da Irmandade Muçulmana e de outros grupos afins. Do total, 19.985.389 pessoas votaram a favor da Constituição, o que confirma a arrasadora vitória do "sim" adiantada há dois dias pela imprensa egípcia.

Haviam poucas dúvidas sobre o triunfo do "sim", já que as chamadas a custear o "não" foram quase inexistentes porque os principais opositores do texto e do processo transitório optaram pelo boicote à consulta. Por isso, o cavalo de batalha do plebiscito passou a ser a particição, que não é tão alta como esperavam as autoridades, mas superou um terço dos cidadãos aptos a votar registrados no referendo constitucional de 2012, no qual a Carta Magna redigida pelos islamitas foi referendada com 64% dos votos.

Funcionário conta cédulas depois do fechamento das urnas%2C durante a fase final de um referendo sobre a nova Constituição do EgitoReuters


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As autoridades interinas egípcias buscavam com o triunfo arrasador do "sim" e uma aceitável participação mostrar respaldo popular ao seu roteiro do período transitório e ao golpe militar que depôs o presidente, o islamita Mohammed Mursi, em 3 de julho.
O referendo também ganhou contornos plebiscitários sobre a figura do chefe das Forças Armadas, General Abdel Fatah al Sisi, que ventilou a possibilidade de se candidatar à presidência nas próximas eleições "se o povo assim pedir".
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O referendo aconteceu em meio a protestos dos partidários de Mursi e focos pontuais de violência, nos quais morreram nove pessoas e foram detidas 444. A nova Constituição suaviza o tom islamita da aprovada em 2012, durante o mandato de Mursi, e reforça o papel das Forças Armadas, que poderão designar o ministro da Defesa nos próximos oito anos.