Por tamyres.matos
Rio - Um supervulcão pode entrar em erupção e causar um sinistro inverno de cinzas capaz de dizimar cidades inteiras. Uma onda de frio monumental faz congelar até cachoeiras e paralisa um país. Um meteoro pega todos de surpresa, rasga o céu e danifica centenas de casas. Coisa de Hollywood? Pode ser, mas são notícias recentes da Terra. Será que vamos viver um script de cataclisma?
O primeiro alerta veio da Suíça. Os cerca de 20 supervulcões do planeta, como o de Yellowstone, ‘estrela’ do filme ‘2012’, podem entrar em erupção do nada. Até então, acreditava-se que era preciso um ‘gatilho’, como um asteroide, para acordar os monstros. E se eles despertarem? O magma pode engolir uma cidade inteira e expelir cinzas capazes de bloquear a luz do Sol por meses. Seria tão devastador quanto um meteoro.
No festival de destruição de ‘2012’%2C um ponto alto é a explosão do supervulcão de YellowstoneReprodução

Por falar nisso, astrônomos ucranianos verificaram que corpo celeste com 410 metros de diâmetro pode bater no planeta em 2032. “A probabilidade é mínima”, tranquiliza Bruno Mendonça, do Planetário da Gávea. “Em 2028 teremos mais clareza nos dados para diagnosticar se de fato fará estrago. E muitas pessoas estão se dedicando a estudar formas de desviar a rota”, emenda.

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O clima também dá asas a roteiristas e diretores. Em ‘O dia depois de amanhã’, há dois fenômenos que tiveram similares no mundo real: a friaca e a elevação das marés com a chuva. Tem a ver com o degelo do Ártico, segundo o meteorologista e professor Pedro Dias. “O derretimento desloca a Corrente do Golfo, que é quente, para o sul, trazendo um clima mais frio para o norte”, detalha.

Parte do filme é exagero hollywoodiano. “Aquelas cenas do resfriamento super-rápido não são suportadas pelo conhecimento científico”, atesta Pedro. Mas o nível do mar pode subir de onde menos se espera. “Furacões, ciclones e até ventos fortes na borda da Antártica influenciam”, alerta. “Existem algumas evidências de que os furacões mais intensos estão se tornando mais frequentes. Temos que aprender a viver com extremos climáticos.”

Cientistas alertam que o monstro do real Yellowstone pode acordar do nadaReprodução

O DIA DEPOIS DO AMANHÃ

O filme-catástrofe de Roland Emmerich tratou das mudanças climáticas. Grupo de cientistas detecta anomalias nas correntes marítimas. O primeiro sintoma são chuvas torrenciais que elevam o nível das marés. Nova York, já debaixo d’água por causa das galerias pluviais entupidas, é surpreendida por uma vaga que inunda boa parte de Manhattan. No Japão há chuva de granizo com pedras do tamanho de bolas de futebol.
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SUPERTEMPESTADE SANDY
No fim de outubro de 2012, uma tempestade tropical ganhou força e atingiu violentamente a Costa Leste dos Estados Unidos. Em Nova York, houve alagamentos, cortes de energia para 650 mil pessoas e ventos de até 180 km/h. A tormenta foi tão severa que a tradicional Maratona da cidade foi cancelada, pela primeira vez na história, às vésperas da largada. No rastro desde a Jamaica, foram 182 mortos e prejuízo de R$ 100 bilhões.
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O DIA DEPOIS DO AMANHÃ
Depois da chuva, vem o frio. Praticamente todo o Hemisfério Norte fica congelado, enterrado sob uma espessa camada de gelo e neve. Mas o maior vilão do filme é o vórtex de frio: uma formação de nuvem parecida com um furacão ‘suga’ o ar gelado da atmosfera e o atira ao solo, petrificando tudo à sua volta. Sobreviventes nada podem fazer a não ser esperar e migrar para o sul. Até a dívida do México é perdoada na fita.
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ONDA DE FRIO NOS ESTADOS UNIDOS

Sabe-se que ventos polares dificilmente escapam, mas, num desequilíbrio de correntes, podem ‘fugir’. Essa é a causa da onda de frio extremo que está congelando a América do Norte, a ponto de petrificar as famosas Cataratas do Niágara. Em algumas cidades, como Pittsburgh, a sensação térmica bateu os 50 graus negativos — é um gelo de deixar milhões de pessoas trancadas em casa.

À esquerda%2C imagem do filme 'O dia depois do amanhã' e ao lado a realidade do frio extremo nos EUADivulgação e Reuters

IMPACTO PROFUNDO

O jovem astrônomo vivido por Elijah Wood descobre um cometa em rota de colisão da Terra. Autoridades constroem em segredo uma aeronave para aterrissar no corpo celeste e ali plantar uma bomba. A missão dá errado: em vez de destruir o asteroide ou desviá-lo, a dinamite o divide em dois — um pequeno, outro grande. O menor bate na Terra, criando ondas colossais que arrastam tudo por quilômetros. O maior, porém, é destruído numa ação suicida dos tripulantes da nave com a bomba que sobrou.
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METEORO RUSSO
Em 15 de fevereiro do ano passado, russos viram a maior explosão de asteroide no ar em um século: um bólido invadiu a atmosfera com força equivalente a 500 mil toneladas de TNT. E o pior: o bicho, de 19 metros de diâmetro, passou as seis semanas que antecederam o impacto numa posição do céu que impedia sua observação pelos astrônomos.
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Com reportagem de Flor Castilhos