Por fernanda.magalhaes
Itália - O presidente da França, François Hollande, encontrou-se nesta sexta-feira com o Papa Francisco, uma visita delicada para o mandatário francês que enfrenta atualmente suspeitas de infidelidade, popularidade em baixa e conflitos com os católicos sobre casamento gay.
Hollande e Francisco tiveram uma reunião fechada de 35 minutos no Palácio Apostólico, local que o Papa usa para visitas oficiais desde que se mudou para aposentos mais modestos.
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No Vaticano, a segurança foi intensificada, segundo uma fonte policial, depois de uma pequena explosão perto de uma igreja francesa em Roma nas primeiras horas do dia e após a polícia ter recebido um telefonema anônimo sobre duas outras bombas na área do Vaticano. Nada foi encontrado.
Hollande parecia nervoso ao ser apresentado ao Papa, e Francisco, que não fala bem francês, não pareceu dar ao presidente a recepção calorosa vista em visitas de outros chefes de Estado.
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A decisão do presidente socialista de apressar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no ano passado provocou grandes protestos em Paris, que foram apoiados de forma enfática pela hierarquia católica.
Católicos franceses acusam o governo de prestar mais atenção nas minorias de judeus e muçulmanos, visitando essas comunidades e denunciando ataques contra elas, e ao mesmo tempo ignorar as provocações contra a mais popular religião da França.
O papa Francisco fala com o presidente francês François Hollande durante uma reunião fechada no VaticanoReuters

Um comunicado do Vaticano afirmou que os dois discutiram temas como família e bioética.

Depois do encontro, Hollande disse à imprensa que a tradicional divisão entre Estado e igreja na França era uma "garantia para os direitos de todas as fés e permitia o debate com todas as religiões, especialmente a Igreja Católica".

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Hollande afirmou que o debate sobre temas morais poderia incluir "os assuntos mais sérios e urgentes da nossa sociedade", mas não deu nenhuma indicação de que o governo poderia recuar na legislação sobre casamento gay, em direito de aborto ou em eutanásia.
Líderes católicos e protestantes na França têm criticado o plano anunciado de Hollande de legalizar neste ano o suicídio assistido.
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Muitos joves católicos que participaram da campanha contra o casamento gay no ano passado se mantêm mobilizados. Um grupo coletou 115 mil assinaturas e as enviou ao Papa, pedindo que ele levantasse as reivindicações no encontro com Hollande.