Por fernanda.magalhaes
Reino Unido - O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido condenou nesta sexta-feira a pena de morte que um tribunal do Paquistão impôs ao britânico Mohammad Asghar, de 70 anos, por se declarar publicamente profeta.
O governo britânico "se opõe à pena de morte por princípio, em qualquer circunstância", e deu "apoio consular" a Asghar desde que foi preso em 2010 acusado de ter se declarado publicamente profeta, informou o Foreign Office em comunicado.
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A secretária de Estado das Relações Exteriores, Sayeeda Warsi, afirmou que a diplomacia britânica elevará agora sua preocupação "nos termos mais enérgicos possíveis" perante o governo do Paquistão.
Ashgar foi sentenciado nesta quinta-feira por um tribunal da cidade de Rawalpindi, vizinha de Islamabad, por ter escrito cartas a diversas pessoas, entre elas um policial, nas quais se apresentava como um profeta. A atitude se configurou no delito de blasfêmia.
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A Anistia Internacional (AI) exigiu, por sua vez, que o Paquistão liberte Ashgar "imediatamente e incondicional".
A subdiretora da seção asiática da organização, Polly Truscott, sustentou nesta sexta-feira em comunicado que o cidadão britânico padece uma doença mental - como alegou a defesa - e "não merece castigo algum" por seu comportamento.
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"As leis paquistanesas contra a blasfêmia são aplicadas indiscriminadamente contra muçulmanos e não muçulmanos, e violam os direitos humanos básicos de liberdade de religião e de pensamento", considerou Polly.
Ela reivindicou ao governo de Islamabad que libertem Ashgar e reforme leis que promovem o clima de "violência religiosa e perseguição".
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A legislação antiblasfémia do país surgiu no período colonial britânico para frear choques religiosos, mas nos anos 80 várias reformas impulsionadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq deram asas aos extremistas para abusar da lei.
Desde então, foram mais de mil acusações por blasfêmia, embora em nenhuma delas tenha sido aplicada a pena de morte.
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