Moscou - A Rússia bloqueou o acesso a sites de Internet dos conhecidos críticos do Kremlin Alexei Navalny e Garry Kasparov nesta quinta-feira sob uma nova lei que, segundo críticos, tem o objetivo de silenciar a dissidência no terceiro mandato do presidente Vladimir Putin.
O escritório do procurador-geral determinou que os provedores de Internet da Rússia bloqueie o blog de Navalny, o jornal via Internet do campeão de xadrez e crítico de Putin Kasparov e dois outros sites, o grani.ru e o ej.ru, informou o órgão regulador Roskomnadzor.
A medida é a mais recente evidência do que os opositores ao governo russo veem como uma repressão à mídia independente e particularmente à Internet, uma plataforma para notícias dissidentes, num país onde emissoras estatais dominam as transmissões.
O editor do ej.ru, Alexander Ryklin, classificou a decisão de "monstruosa" e uma "violação direta de todos os princípios de liberdade de expressão", disse a emissora de rádio Ekho Moskvy. Ele afirmou não saber por que o site foi bloqueado.
Os bloqueios irão elevar as preocupações com a possibilidade de Putin estar buscando apertar o controle sobre a sociedade russa num momento em que enfrenta os Estados Unidos e a União Europeia em uma dura disputa sobre o futuro da Ucrânia.
A decisão de bloquear os sites acontecem um dia depois que o site independente de notícias Lenta.ru foi desativado após receber alertas sobre a publicação de declarações de um líder ucraniano de extrema direita, no que dezenas de funcionários do site disseram ser censura do Kremlin.
"Essa é a mais recente decisão política tomada como parte da limpeza do espaço de mídia", disse a porta-voz de Navalny, Anna Veduta, no Twitter. Outro usuário do Twitter classificou o episódio de "Quinta-Feira Negra". O Kremlin nega as acusações de censura ou pressão sobre a mídia.
O Roskomnadzor disse que o blog de Navalny viola os termos da prisão domiciliar imposta ao líder oposicionista recentemente. Ele cumpre pena suspensa de cinco anos por roubo e afirma que a acusação foi engendrada pelo Kremlin e pode passar por novo julgamento.
Os outros três sites foram bloqueados porque "contêm pedidos por atividades ilegais e participação em eventos de massa conduzidos em violação à ordem estabelecida", disse o órgão regulador.