Por felipe.martins

Istambul - Centenas de manifestantes entraram em confronto com policiais ontem nas duas maiores cidade da Turquia, Ancara e Istambul. Os protestos começaram após o premiê do país, Receep Tayyip Erdogan, ter declarado que “acidentes assim acontecem o tempo todo”, referindo-se à explosão numa mina no município de Soma, que matou 274 trabalhadores no dia anterior. Equipes de resgate continuam numa busca dramática por sobreviventes. Estimava-se que mais de 120 homens ainda estivessem soterrados a centenas de metros de profundidade, ontem.

Coquetéis molotov atirados por manifestantes atingiram policiais durante manifestações em Ancara%2C uma das maiores cidades turcas Reuters

Este foi o maior desastre numa mina já registrado na Turquia. Havia 787 operários na mina, dos quais 363 haviam sido resgatados com vida até ontem.

Luto nacional

Erdogan declarou luto nacional de três dias e prometeu investigações minuciosas sobre o caso, mas ficou mal visto pela população ao citar uma lista de acidentes em minas ocorridos desde 1862 no mundo.

Em Istambul, manifestantes gritaram ‘assassinos’ perto do prédio da Soma Holdings, dona da mina. Em Ancara, em frente à sede do partido governista Justiça e Desenvolvimento, uma multidão xingou o premiê de ‘assassino’ e ‘ladrão’.

Os manifestantes atiraram pedras e coquetéis molotov, enquanto a polícia respondia com jatos d’água e bombas de gás lacrimogênio. Sindicatos convocaram greve-geral para hoje. O Ministério do Trabalho turco disse que a mina passou por inspeção em março e respeitava as normas de segurança. Mas trabalhadores negam a informação.

Resgate muito difícil

Chamas na mina dificultaram o trabalho das equipes de emergência durante todo o dia de ontem. “A esperança de encontrar sobreviventes na mina diminui, mas vamos continuar até o fim”, afirmou o ministro da Energia e dos Recursos Naturais, Taner Yildiz.

Segundo ele, o número de mortos “está se aproximando de um nível muito inquietante”. Ele prometeu, ainda, que não haverá “vista grossa” caso seja constatada negligência da empresa dona da mina.

A explosão foi na terça-feira, por volta das 3h30 (9h30 de Brasília) e deve ter sido causada por falha elétrica num transformador. Muitos dos sobreviventes estão com problemas respiratórios.
Vedat Didari, especialista turco em indústria mineradora, explicou que o principal risco é a falta de oxigênio. “Se os ventiladores não funcionarem, os mineiros podem morrer em uma hora”, disse ele, que é da Universidade Bulent Ecevit, em Zonguldak.

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