Por clarissa.sardenberg

Serra Leoa - O presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, declarou nesta quinta-feira "estado de emergência pública" para conter o surto de ebola, que já causou nesse país mais de 220 mortes até o momento. "Os desafios extraordinários precisam de medidas extraordinárias", afirmou Koroma em mensagem dirigida à nação.

"Pela presente, proclamo o estado de emergência pública para adotar um enfoque mais firme a fim de enfrentar o surto de ebola", ressaltou o presidente, antecipando que cancelou sua presença à cúpula que Estados Unidos e África realizarão na próxima semana em Washington, para poder tratar sobre a crise originada pela doença.

O presidente também anunciou um Plano de Resposta Nacional cuja aplicação vai representar que "todos os epicentros da doença sejam postos em quarentena". Além disso, a Polícia e o Exército darão apoio a médicos e ONGs para poder fazer seu trabalho e restringir os movimentos nas regiões afetadas pelo vírus.

Médico demonstra como usar equipamento de proteção para equipe de unidade de isolamento em hospital para vítimas de ebola na África OcidentalReuters

As reuniões em lugares públicos também serão limitadas, à exceção daquelas destinadas a sensibilizar os cidadãos em relação à doença. Além disso, as autoridades ativarão novos protocolos de atuação para a chegada e saída de passageiros no Aeroporto Internacional Lungi, próximo a Freetown e o mais importante do país. Nesse sentido, serão canceladas todas as viagens de ministros e funcionários do governo ao estrangeiro que não sejam absolutamente essenciais.

"Estas medidas serão aplicadas inicialmente durante um período de entre 60 e 90 dias, e outras posteriores serão anunciadas se for necessário", acrescentou o chefe de Estado, que qualificou de "luta nacional" a necessidade de combater o ebola.

Segundo a última apuração da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicada no dia 27 de julho, em Serra Leoa foram registrados 525 casos e 224 mortes por causa da doença. Esta epidemia sem precedentes castiga a África Ocidental desde o dia 22 de março, quando o surto surgiu na Guiné, para onde Koroma deve viajar nesta sexta-feira para abordar estratégias regionais que ajudem a combater o problema.

A África Ocidental mobilizou todos os recursos a seu alcance para conter o surto de ebola, que já infectou 1.201 pessoas, das quais 672 morreram, segundo a OMS. A comunidade internacional já começa a contemplar a expansão do ebola como um perigo real e o governo britânico realizou nesta quarta uma reunião de emergência para avaliar a ameaça.

A doença - que se transmite por contato direto com sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados - causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%. Esta é a primeira vez que se identifica e se confirma uma epidemia de ebola na África Ocidental, pois até agora sempre tinham sido registradas na África Central.

Você pode gostar