Por bferreira

Rio - Pacientes com epilepsia de difícil controle que dependem do SUS estão perto de receber boa notícia. Novo tratamento foi liberado para uso no Brasil pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e tem capacidade para beneficiar 80 mil portadores de casos graves da doença, que não respondem a remédios. Por enquanto, 500 receberam o equipamento VNS (estimulador do nervo vago, na sigla em inglês), que parece um marca-passo. Nos Estados Unidos, ele é usado desde 1997 e atende a 70 mil pessoas.

Médica do centro de epilepsia do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio, Isabella D’Andrea explica como o aparelho, que tem o tamanho de um biscoito, funciona. “Implantamos debaixo da pele na altura do peito, um estimulador que se conecta ao nervo vago e envia impulsos elétricos para o cérebro, organizando o circuito neural e evitando crises convulsivas”, afirma a responsável pelo atendimento de 24 pacientes contemplados com o tratamento no hospital público.

A profissional afirma que o VNS, orçado em R$ 120 mil, precisa ter sua compra subsidiada pelo governo para que mais epiléticos tenham condições de usá-lo. “São pacientes que têm mais de uma crise convulsiva por dia, adultos que não trabalham e crianças que necessitam de acompanhamento contínuo”, diz Isabella. “Com menos internações e a volta ao trabalho, o aparelho se paga em 18 meses”, aponta.

A epilepsia é um conjunto de doenças neurológicas que provoca alta atividade elétrica no cérebro. Esse desajuste leva os portadores a apresentarem sintomas como ausências, quedas abruptas e crises convulsivas. As causas do também são muitas, como sequelas de AVC e traumatismo craniano ou de ordem genética.

Fernanda Antunes da Silva, 20 anos, implantou o VNS em junho, através de convênio. Na última consulta, no início de agosto, passou pelo terceiro ajuste do estimulador. O pai, Ronaldo, conta que ele e a mulher, Rosicléia, descobriram a doença da filha quando ela tinha 9 meses de vida. Fernanda chegava a ter até 90 crises por mês — média de três por dia. “Ainda estamos no início do tratamento, mas já percebemos melhora. Quando ela tem crise, é uma só. Estamos confiantes”, diz o pai.

Famílias têm recorrido à Justiça

Enquanto a inclusão do VNS na lista de procedimentos cobertos pelo SUS é aguardada, famílias de portadores de epilepsia têm sido obrigados a recorrer à Justiça para conseguir receber o tratamento de maneira gratuita. Outra opção para estas pessoas foi alcançada pela Secretaria Estadual de Saúde, que garantiu o equipamento para duas dúzias de epiléticos. “A secretaria fez acordo com o Instituto Estadual do Cérebro e 24 pacientes não precisaram de medidas cautelares para obter o VNS”, afirma Isabella D’Andrea, médica-supervisora do centro de epilepsia do hospital.

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