Por leonardo.rocha

Ucrãnia - O presidente russo, Vladimir Putin, delineou planos para um cessar-fogo no Leste da Ucrânia nesta quarta-feira, mas o primeiro-ministro ucraniano rejeitou a proposta, chamando-a de "decepção". Enquanto o premiê Arseny Yatseniuk criticou o plano, o presidente do país europeu, Petro Poroshenko, que conversou com Putin sobre ele por telefone, disse acreditar que Kiev e os separatistas pró-Rússia podem chegar a um acordo nas conversas planejadas para serem realizadas em Minsk, Belarus, nesta sexta-feira.

Vladimir Putin, presidente da RússiaReuters


“Nossas visões sobre a maneira de resolver o conflito, me pareceu, são muito próximas”, declarou Putin aos repórteres durante uma visita à capital da Mongólia, Ulan Bator, descrevendo as sete etapas que propôs para garantir um desfecho para a crise.

Entre elas estão a suspensão de operações ofensivas dos separatistas, o recuo das forças ucranianas, o fim dos ataques aéreos ucranianos, a criação de corredores de ajuda humanitária, a reconstrução da infraestrutura danificada e a troca de prisioneiros.

Para Poroshenko, a conversa com Putin injetou algum ânimo nos esforços para encerrar o conflito que já matou mais de 2.600 pessoas desde abril, dizendo esperar que “o processo de paz finalmente comece” nas tratativas de sexta e que ele e Putin alcancem um “entendimento mútuo” sobre os passos rumo à paz.

Mas, às vésperas de uma cúpula da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) para discutir o país do Leste europeu, o premiê Yatseniuk reafirmou com aspereza que “o verdadeiro plano de Putin é destruir a Ucrânia e restaurar a União Soviética”.

Presidente dos EUA, Barack Obama também se mostrou cauteloso, afirmando que o conflito só pode terminar se a Rússia parar de fornecer armas e soldados aos rebeldes, acusação que Moscou nega.

Em mais um sinal da desconfiança ocidental crescente e da desaprovação a Moscou por sua conduta na Ucrânia, a França declarou que não irá levar adiante a entrega já planejada do primeiro de dois porta-helicópteros Mistral à Rússia.

Moscou afirmou que a rejeição do negócio de 1,2 bilhão de euros prejudicaria mais a França do que a Rússia, e o Ministério da Defesa russo disse não ver “nenhuma tragédia” na decisão. Entretanto, o gesto deve irritar o Kremlin e ressaltar o isolamento cada vez maior do país governado por Putin.

Cessar-fogo

As propostas de cessar-fogo tiveram pouco impacto no Leste da Ucrânia, palco dos conflitos. Os bombardeios na cidade de Donetsk, controlada pelos rebeldes, continuaram e colunas de fumaça foram vistas na área que inclui o aeroporto da cidade.

Líderes rebeldes disseram ter pouca fé de que as forças ucranianas respeitem qualquer trégua nos combates. Mas um cessar-fogo pode ser bem-vindo para o país restaurar sua já combalida economia.

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, procurou abordar as preocupações com as propostas de trégua dizendo que elas não tratam da situação das áreas ocupadas pelos rebeldes.

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