Por felipe.martins

Rio - Cerca de 300 pessoas invadiram uma delegacia em Anse-à-Galets, no Haiti, retiraram de lá um homem que estava detido e o mataram a pedradas. Depois, o corpo foi queimado numa praça ao lado da delegacia, em fogueira feita com pneus. O crime ocorreu no sábado, sem repressão policial, diante de dezenas de crianças. Muitas pessoas filmaram o linchamento com seus celulares.

A cidade fica na ilha de La Gonave, perto da capital do país, Porto Príncipe. De acordo com estatísticas da Polícia da ONU, a prática do linchamento é generalizada no Haiti, e o número de casos conhecidos aumentou de 90 para 121, segundo levantamento feito entre 2009 e 2012. De acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, não é incomum que suspeitos de assassinato, roubo, sequestro e outros atos criminosos no Haiti sejam linchados. Até mesmo acusações de ‘feitiçaria’ são punidas assim. Os agressores raramente são levados à Justiça.

Crime aconteceu em frente a uma escola%2C diante de várias crianças. Dezenas de pessoas filmaram o linchamento com seus celularesDivulgação

No caso de Anse-à-Galets, o ‘condenado’ era um homem que havia sido preso após uma suposta briga conjugal, em que teria decapitado a mulher. Em duas horas, de acordo com testemunhas, os moradores da região cercaram a delegacia e mataram o suspeito. Os agentes da unidade policial eram poucos e não reagiram. O corpo ficou durante várias horas na rua, em frente a uma escola e ao lado da delegacia.

O linchamento, segundo a ONU, é frequentemente visto como o resultado das falhas do sistema judiciário. A falta de acesso à Justiça e a desconfiança da população em relação ao Judiciário leva a uma sensação de impunidade. Ano passado, chamou a atenção o caso de apedrejamento que levou à morte um homem pego em flagrante roubando uma cabra e uma galinha em Mirebalais.


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