Por felipe.martins, felipe.martins
Estados Unidos - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta sexta-feira, na última entrevista coletiva do ano, que a histórica retomada das relações diplomáticas com Cuba, anunciada na quarta-feira, vai render frutos para a Ilha, mas só a longo prazo. “Aquele é ainda um regime que oprime seu povo. Não espero mudanças da noite para o dia. Mas sinto em meus ossos que se fazemos alguma coisa há 50 anos e nada muda, temos que tentar algo mais”, afirmou.
Ele destacou a importância da tecnologia que deverá chegar ao país de Fidel Castro, ressaltando que uma sociedade fechada estará agora mais aberta ao mundo. “A mudança vai chegar a Cuba, tem que chegar. Eles antes recebiam subsídios da União Soviética, depois da Venezuela”, afirmou.
Um chamado ‘bicitaxista’ aguarda clientes em Havana%2C capital de Cuba%2C com sua bicicleta decorada com a bandeira dos Estados UnidosEfe

Já o líder cubano, Raúl Castro, dedicou-se ontem a sessão semestral do Parlamento com a presença dos cinco cubanos acusados de espionagem, dos quais três que ainda estavam presos foram libertados pelos Estados Unidos após 16 anos na cadeia. A assembleia tinha como objetivo aprovar metas econômicas para 2015, mas acabou celebrando o acordo com o governo americano. A imprensa internacional não teve acesso ao evento.

Os 612 deputados da chamada Assembleia Nacional do Poder Popular — que só se reúne duas vezes por ano e na qual não há opositores — aprovaram por unanimidade os acordos anunciados por Castro e Obama. O presidente americano reconheceu as críticas do dissidentes cubanos e dos seus opositores no Congresso dos Estados Unidos, mas disse que a reaproximação é uma oportunidade única. “Compartilho as preocupações dos dissidentes e ativistas, mas com a aproximação temos uma oportunidade mais clara. Temos uma influência sobre esse governo que nunca tivemos, e quanto mais o povo cubano conseguir enxergar as possibilidades de futuro, maior será a mudança”.

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IDENTIDADE DE ESPIÃO REVELADA
O espião americano Alan Gross foi libertado por Cuba quarta-feira, em troca dos três prisioneiros cubanos que permaneciam detidos nos Estados Unidos. Junto com ele, outro espião foi posto em liberdade, com menos alarme. Definido pela Casa Branca como “alguém que passou para o lado de Washington”, o nome dele permaneceu em sigilo até ontem, quando foi revelado por jornais americanos.
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Trata-se de Rolando Sarraff Trujillo, 51 anos, formado em jornalismo na Universidade de Havana. Detido há 20 anos em Cuba, onde cumpria pena de 25 anos, foi fundamental para o governo americano na Ilha. Infiltrado na Direção de Inteligência de Cuba, o ex-criptógrafo ajudou na identificação de vários espiões cubanos em território americano.
Inclusive, de acordo com os jornais, as informações reveladas por Trujillo teriam sido chaves para a detenção dos Cinco Cubanos, que atuavam na chamada Rede Vespa, em 1998 (plano para desestabilizar as redes de cubanos em Miami). 
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