Por victor.duarte
Síria - No momento em que França e Israel ainda choram as mortes das 7 vítimas do atentado ao jornal ‘Charlie Hebdo’ em Paris na quarta-feira passada, o grupo extremista apontado como responsável pelos ataques, Estado Islâmico (EI), volta a chocar o mundo. O grupo divulgou nesta terça-feira vídeo na internet em que um menino de 10 anos executa dois reféns russos, acusados de espionagem.
Nas imagens, de sete minutos, o garoto usa uma arma para matar os dois homens ajoelhados, depois de interrogatório sobre suas pretensas tentativas de se infiltrar no Estado Islâmico na Síria. No final do vídeo, o mesmo menino, ainda mais jovem, aparece em um campo de treinamento afirmando que quer “matar infiéis”.
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No ano passado, o grupo divulgou vídeos em que seus combatentes decapitam reféns ocidentais que estavam presos na Síria e ameaçam executar mais reféns, em retaliação aos ataques aéreos promovidos pelos Estados Unidos contra posições do grupo no Iraque.
SUSPEITO PRESO
Um francês preso na Bulgária no dia 1º de janeiro por ter tentado viajar à Síria é suspeito de ter mantido vínculos com Chérif Kouachi, um dos autores dos ataques ao ‘Charlie’. A ordem de prisão emitida pela França contra Fritz-Joly Joachin menciona a acusação de “participação em um grupo criminoso armado cujo objetivo era organizar atos terroristas”, disse Darina Slavova, promotora geral de Haskovo, no sul da Bulgária. “Antes de partir no dia 30 de dezembro à Turquia, esteve várias vezes em contato com um dos dois irmãos, Cherif Kouachi”, afirma a ordem de detenção.
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Vídeo divulgado pelo Estado Islâmico mostra dois agentes russos sendo assassinados por uma criança (E)Reprodução Internet
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‘Charlie’ incitará mais ódio, alertam muçulmanos
A edição extra do jornal francês 'Charlie Hebdo' com o profeta Maomé na capa, com 3 milhões de exemplares em 16 idiomas, incluindo árabe e turco, está sendo intepretada pelo mundo islâmico como uma provocação. Autoridades muçulmanas afirmaram que incitará mais o ódio.
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Shawqi Allam, principal clérigo do Egito, alertou o jornal contra a publicação da nova caricatura do profeta Maomé, chorando e segurando uma placa com a frase “Je suis Charlie” (Eu sou Charlie). A imagem virou lema das manifestações de apoio à liberdade de expressão. “Esta edição causará uma nova onda de ódio na sociedade francesa e ocidental em geral. O que o jornal está fazendo não serve para um diálogo entre as civilizações. É uma provocação injustificada para o sentimento de 1,5 milhão de muçulmanos em todo o mundo”, afirmou em nota Allam.
O ‘Charlie’ traz desenhos inéditos de Charb, Cabu, Tignous e Wolinski, mortos no ataque do dia 7 de janeiro, e o restante foi produzido exclusivamente por sobreviventes da equipe, sem a contribuição de colaboradores externos. O tom satírico do jornal foi mantido, com caricaturas de Maomé nas oito páginas, diferente das 16 normalmente publicadas.
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Importantes jornais no mundo reproduziram a capa, entre eles o ‘Guardian’, ‘Le Monde’, o ‘Libération’ (que vem abrigando o semanário), ‘Washington Post’ e ‘Wall Street Journal’.

‘Ameaça ainda existe’
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Ontem os três policiais mortos durante o atentado em Paris foram enterrados com honras militares, enquanto em Jerusalém milhares de pessoas se reuniram para os funerais dos quatro judeus assassinados no atentado. Yohav Hattab, Yohan Cohen, Philippe Braham e François-Michel Saada foram enterrados no cemitério de Har Hamenouhot (Monte do Repouso).
Em Paris, em frente à sede da Polícia, os caixões dos três policiais foram cobertos pela bandeira francesa. “Clarissa, Franck e Ahmed morreram para que possamos viver livres”, disse o presidente francês François Hollande, acrescentando que a “França não se curva jamais. Ela enfrenta e está de pé. Mas a ameaça ainda existe.”
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