Por tamara.coimbra
França - A justiça francesa abriu 54 processos por apologia ao terrorismo em relação com declarações de pessoas sobre os atentados nos quais foram assassinadas 17 pessoas na semana passada. A "France Info", responsável pela divulgação do número, disse que os tribunais já ditaram cinco penas, algumas delas inclusive de vários anos de prisão.
O Ministério da Justiça explicou que aproximadamente 50 processos deram lugar a 20 investigações pelas quais estão previstas pelo menos oito ações judiciais em comparecimento imediato.
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Entre as sentenças está a de um homem de 34 anos condenado a quatro anos de prisão por resistência à autoridade com o agravante de apologia ao terrorismo. Em seu caso, após um acidente de circulação em Haulchain (no Norte da França, perto da fronteira belga) ele atacou os policiais que iam submetê-lo a um teste de bafômetro ao qual se negava e defendeu os atentados.
Em Orléans (Centro) e em Tolano (Sudeste) os juízes também sentenciaram a um ano de prisão — com oito e nove meses de cumprimento efetivo atrás das grades, respectivamente — dois indivíduos que lançaram gritos na rua a favor dos terroristas na semana passada. Um deles — segundo o relato do jornal "Le Monde" — disse: "Estou orgulhoso de ser muçulmano. Não gosto do 'Charlie'. Tiveram razão para fazer isso".
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A maior parte dessas declarações de apoio aos jihadistas se dirigiam contra agentes das forças da ordem.
Nesta manhã, foi detido o humorista Dieudonné, que é alvo de uma investigação por um comentário em sua conta do Facebook que é considerado uma amostra de solidariedade com Amedy Coulibaly, um dos três jihadistas que atuaram na França. Dieudonné, condenado em várias ocasiões por suas declarações e brincadeiras antissemitas, disse depois dos atentados que, "no que cabe a mim, me sinto Charlie Coulibaly".
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O humorista brincava assim com o lema "Eu sou Charlie" de apoio à revista satírica "Charlie Hebdo", atacada na última quarta-feira da semana passada pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi, coordenados com Coulibaly, o assassino de um policial na quinta-feira no Sul de Paris, e de quatro clientes de um supermercado judeu, também da capital, no dia seguinte.
"Em nenhum caso isso é apologia ao terrorismo", já que teria que haver "um ataque direto" e aqui "não há nenhum apoio aos crimes que foram cometidos", mas "um simples ponto de vista em um momento determinado", disse em declarações à "France Info" o advogado do humorista, Jacques Verdier, que lembrou que o comentário foi retirado rapidamente.
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Dieudonné pode ser condenado até a sete anos de prisão pelas acusações contra si, assim como ao pagamento de uma multa.