Por felipe.martins

Egito - Líderes religiosos muçulmanos conclamaram ontem fiéis a caçar e crucificar os membros do Estado Islâmico. Eles alegam que, ao queimar vivo o piloto jordaniano Muath al-Kasaesbeh, o grupo violou princípios do Islã.

Ahmed al-Tayeb pediu que jihadistas sejam caçados e executadosReuters

Um dos mais revoltados com a execução do jordaniano é Ahmed al-Tayeb, um dos principais líderes religiosos sunitas do Egito. Ontem, ele pediu aos fiéis do profeta Maomé que persigam e crucifiquem todos os membros do Estado Islâmico que puderem capturar.

Ahmed al-Tayeb chamou os membros do grupo de assassinos que desrespeitam os ensinamentos de Maomé. Ele disse que a forma como o piloto foi morto representa violação aos princípios do Islã, que proíbem a mutilação de corpos. “Ele merecem ser castigados porque lutam contra Deus e o profeta Maomé”, disse o sacerdote.

Nesta quarta-feira, a Universidade de Al-Azhar, no Cairo, uma das principais formadoras de pensadores da doutrina muçulmana no Egito e à qual al-Tayeb está ligado, divulgou nota em que repudia as execuções do Estado Islâmico. Segundo o documento, são atos terroristas cometidos por “um grupo terrorista satânico”.
Outro líder religioso muçulmano, Salman al-Odah, usou sua conta no Twitter para condenar o assassinato do piloto jordaniano. Ele classificou a ação do Estado Islâmico como ato abominável. “Queimar é um crime abominável rejeitado pela lei islâmica, independentemente dos motivos. É rejeitado se for em um indivíduo ou um grupo ou um povo”, escreveu no Twitter.

Também nesta quarta-feira, o Comitê das Nações Unidas para o Direito das Crianças acusou o Estado Islâmico de vender para a prostituição crianças sequestradas no Iraque e de usar adolescentes como homens-bomba. Segundo o organismo, as principais vítimas são da etnia yazidi e cristãos, mas também muçulmanos cujas famílias não apoiam o Estado Islâmico são sequestradas e mortas. Há denúncias de que jovens foram crucificados ou enterrados vivos como punição a seus pais por não se juntarem ao grupo.

Jordânia enforca dois

Poucas horas após a divulgação, na terça-feira, do vídeo que mostra a execução do piloto Muath al-Kaseasbeh, a Jordânia executou a iraquiana Sajida al-Rishawi, de 44 anos, e um homem cujo nome não foi divulgado. Os dois eram jihadistas e foram condenados à morte por atentados terroristas. Além da execução dos dois, a Jordânia anunciou uma ofensiva militar para destruir o Estado Islâmico.

Até a segunda-feira, o governo da Jordânia negociava com o Estado Islâmico a troca do piloto pela iraquiana. A divulgação do vídeo, mostrando que o militar jordaniano havia sido queimado em 3 de janeiro, revelou que a negociação era uma farsa.

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