Rio - Nunca antes uma barriga de grávida foi alvo de tanta polêmica no mundo virtual. Depois que a modelo americana Sarah Stage, 30 anos, postou foto aos nove meses de gestação exibindo um abdômen quase tanquinho foi dada a largada para a discussão: é saudável ser uma mamãe ‘maromba’? Exercícios são importantes nessa fase da vida, mas é preciso cautela, apontam especialistas.
‘Grávida fitness’ foi a expressão criada para classificar as mulheres que pouco engordam e exibem músculos em fotos — normalmente postadas no Instagram para milhares de seguidores. Sarah chocou ao exibir um corpo magérrimo, principalmente para uma mulher que já está com 37 semanas de gestação. “Desde que o bebê esteja saudável, nada mais importa. Meu filho é saudável e nós estamos felizes”, disse a americana em entrevista ao programa ‘Good Morning America’.
Outra mamãe sarada que chama atenção nas redes sociais é a empresária brasileira Bella Falconi, que está com 19 semanas (quase 5 meses) de gravidez. Bella, que mora nos Estados Unidos, disse que continua malhando, porém com menor intensidade e maior intervalo de descanso entre as séries.
Alfonso Massaguer, ginecologista, obstetra e diretor da Clínica Mãe, afirma que a malhação não é contraindicada, mas deve ser acompanhada por profissionais e boa alimentação. Uma das principais recomendações, diz ele, é não ultrapassar a frequência cardíaca de 140 batimentos por segundo, o que pode causar problemas ao bebê. Além disso, a atenção deve ser redobrada no segundo trimestre de gravidez, período em que há mais incidência de queda de pressão e de desequilíbrio, por conta do crescimento da barriga.
Sobre o abdômen definido, Alfonso alerta que o que é objeto de desejo para muitas mulheres pode ser risco para o feto se for resultado de falta de gordura no corpo. “Um pouco de gordura é fundamental para a formação do bebê. Engordar muito pouco na gravidez pode ser um risco”.
De acordo com Kadja Nascimento, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, há uma lista de atividades não recomendadas, como artes marciais, esportes com bola, salto e a prática de mergulho. Exercícios mal praticados podem levar ao aborto espontâneo. “Musculação e exercícios de alta intensidade, geralmente, são permitidos para gestantes que já praticavam isso antes”.
Atividades de baixo impacto
Para as grávidas ‘não fitness’, vale o ditado: “gravidez não é doença”. Ou seja, repouso absoluto só em casos extremos, quando há descolamento de placenta, por exemplo. Mamães que querem começar a se exercitar na gestação podem optar pelas atividades de baixo risco, como exercícios na água (natação e hidroginástica) e atividades aeróbicas moderadas, como caminhada, ioga e pilates.
Para Ana Cristina Barreto, coordenadora da graduação em Educação Física do Centro Universitário Celso Lisboa, exercícios não são recomendados no primeiro trimestre de gravidez — a recomendação não é consenso entre especialistas — devido ao maior risco de aborto espontâneo. “Apesar disso, muitas mulheres continuam os exercícios e só descobrem que estão grávidas depois do terceiro mês”.
Ela lembra que o objetivo dos exercícios não deve ser ganhar massa muscular ou emagrecer, mas im manter o organismo saudável. Nos últimos três meses, diz a especialista, é bom fazer exercícios de relaxamento, como alongamento, para reduzir o estresse e favorecer o parto.
“Grávida costuma ter problema de varizes, e os exercícios ajudam a parte circulatória”, cita.