Por karilayn.areias

Vaticano - O papa Francisco participou de um encontro inédito com cerca de 70 prefeitos de várias cidades do mundo nesta terça-feira e pediu que as autoridades tenham consciência "do problema da destruição do planeta que nós mesmos estamos levando adiante". O Pontífice ainda solicitou que seja difundida "uma consciência ecológica como aquela que existia no início de tudo".

"Por que estou apelando aos prefeitos? Porque a consciência sobre a defesa do meio ambiente implica em um trabalho que comece pelas periferias e caminhe em direção ao centro, até a consciência da humanidade", destacou.

O evento promovido pela Academia Pontifícia das Ciências e das Ciências Sociais debatia, além dos problemas climáticos, os temas referentes à escravidão e ao tráfico de pessoas.
Jorge Mario Bergoglio falou aos líderes que "a Santa Sé pode fazer um belo discurso nas Nações Unidas, mas se não partir de vocês, das grandes ou pequenas cidades, não haverá nenhuma mudança". O sucessor de Bento XVI lembrou que é nas cidades que se desenvolvem os fenômenos da imigração e da pobreza, muitas vezes incentivados por uma migração causada pela desertificação do planeta e do aquecimento global.

Citando o crescimento das favelas, Bergoglio ressaltou que o fenômeno da urbanização desenfreada das cidades é mundial e que a falta de recursos daqueles que ficam em volta delas é também uma grave ameaça à natureza. "Esta cultura da cura do meio ambiente não é um assunto apenas 'verde' e digo isso em um sentido muito bom. É muito mais. Curar o meio ambiente significa ter uma preocupação com a ecologia humana", disse.

Francisco também citou sua encíclica, que é voltada para os problemas do planeta, e disse que ela é muito mais social do que apenas "verde" porque os humanos "não podem ser excluídos da cura do ambiente". Ao final do encontro, todos os prefeitos e os representantes do Vaticano assinaram um documento em que pedem que as autoridades nacionais ponham a questão ambiental no centro dos debates. Ressaltando a questão social, o documento cobra uma atitude de governos contra os grandes exploradores de recursos naturais e diz que a economia baseada em combustíveis fósseis "destrói a Terra e explora todos os pobres".

O líder da Igreja Católica ainda ressaltou sua confiança em relação à Conferência sobre o Clima (COP21), que será realizada na França, durante o mês de outubro e é chancelada pelas Nações Unidas.
"Tenho muito esperança que em Paris se chegue a um acordo fundamental, mas para isso é preciso que a ONU se envolva, especialmente na questão do tráfico de seres humanos", finalizou.
O encontro na Santa Sé contou com seis prefeitos brasileiros, entre eles, o de São Paulo, Fernando Haddad. Outros líderes mundiais, como Bill de Blasio (Nova York), Karin Wanngard (Estocolmo), Anne Hidalgo (Paris) e Edmund G. Brown (Califórnia) estiveram presentes. Entre os italianos, o prefeito de Roma, Ignazio Marino, também compareceu.

Antes do encontro com o Papa, todos participaram de um workshop e de um simpósio sobre as realidades enfrentadas por várias cidades do mundo e quais as soluções encontradas para cada problema. - Haddad fala da redução de velocidade nas marginais: Em entrevista à rádio "Estadão", o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, falou sobre a redução de velocidades nas marginais Pinheiros e Tietê. Segundo ele, serão divulgados resultados de relatórios feitos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para saber quais os avanços a medida surtiu.

Para ele, a redução da velocidade foi uma medida adotada em diversos países do mundo, como Nova York, Paris e Roma e conseguiu reduzir o número de acidentes. Haddad ainda destacou que a lei pode ser revista caso os resultados não sejam obtidos.

De acordo com a CET, houve 1180 acidentes nas duas marginais em 2014, que causaram 1399 vítimas - sendo 73 fatais.

Brasil pede recursos

A delegação brasileira entregou uma carta ao Papa Francisco, assinada por sete prefeitos: Eduardo Paes (Rio), Fernando Haddad (São Paulo), Márcio Lacerda (Belo Horizonte), José Fortunati (Porto Alegre), ACM Neto (Salvador), Gustavo Fruet (Curitiba) e Paulo Garcia (Goiânia).

O documento pede a transferência de recursos dos países desenvolvidos (e mais poluentes) para os mais pobres e reivindica o reconhecimento de governos locais como atores fundamentais na promoção da sustentabilidade.

Você pode gostar