Por clarissa.sardenberg

China - A vontade quase irresistível de registrar todos os momentos de um recém-nascido pode trazer problemas ao bebê. Foi o caso de uma criança chinesa de três meses, que ficou cega de um olho depois que uma fotografia foi tirada a uma distância de 25 centímetros.

A pessoa que fez o registro (um amigo dos pais do bebê) esqueceu que o flash estava ligado, e a família percebeu que alguma coisa estava errada em seu olho logo depois. O outro olho foi danificado parcialmente, e não existe tratamento. A luz da câmera atingiu a mácula, pequena parte do olho que nesta idade ainda está em desenvolvimento.

Marize Pereira, oftalmologista da Clínica São Vicente, não acredita, no entanto, que o flash foi o único responsável pela cegueira. “Não creio que foi o responsável. Talvez a criança já tenha algum problema”, avalia.

Isso não significa, contudo, que não são necessários cuidados: a exposição contínua e muito próxima ao flash é prejudicial a todos. “Não é bom que você faça a foto a menos de 30 centímetros”, alerta Marize. Também não é recomendado fazer fotos continuamente. E o flash tem maiores efeitos nas crianças porque sua estrutura ocular ainda está em formação. “A visão está em evolução até os 7 anos”, explica a oftalmologista.

Um dos efeitos negativos possíveis é a ceratite, uma alteração na córnea, parte externa do olho. Outro é um inchaço na retina, região responsável por transmitir os estímulos luminosos ao cérebro.

Mesmo sem falar, os bebês são capazes de indicar um problema na visão. “As crianças mostram vários sinais. Eles inclinam a cabeça e esfregam no travesseiro, viram de bruços para fugir do reflexo de luz”, relata Marize. Outros sinais são olhos vermelhos ou lacrimejantes, e crianças que passam muito as mãos nos olhos.

A oftalmologista afirma que as maternidades não costumam alertar sobre o perigo do flash. “Deveria ser feito um comunicado aos pais do recém-nascido sobre os riscos”, critica.

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