Por bferreira

Rio - O índice de cobertura da vacinação contra o HPV no Rio está longe da meta brasileira: foi de 43,51% na primeira etapa, contra o ideal de 80%. Em alguns municípios do estado, a campanha não alcançou nem 20% do público-alvo previsto. Para reverter este quadro, especialistas argumentam que levar a imunização para as escolas é a solução. Ontem o Ministério da Saúde anunciou campanha para a segunda dose da vacina contra o HPV para as meninas de 9 a 11 anos que tomaram a primeira dose quadrivalente no primeiro semestre.

No Rio%2C 49%2C3% receberam primeira dose%2C contra meta desejada de 80%Agência O Dia

Cerca de cinco milhões de meninas de todo o país devem retornar a um posto de vacinação para receber a segunda dose. Quem ainda não recebeu a primeira dose, mas pertence ao público-alvo, pode procurar um posto de vacinação. A vacina protege contra dois subtipos do Papiloma Vírus Humano (HPV), doença responsável por 70% dos casos de câncer do colo do útero e a terceira causa de morte de mulheres no Brasil.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), Isabella Ballalaia, argumenta que em países onde a vacinação é feita no ambiente escolar a cobertura é de mais de 80%. “É complicado vacinar adolescentes, mas é justamente nessa faixa etária que a vacina responde melhor, bem antes da idade sexual”, explica.

Especialista em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), o médico e professor da UFF Mauro Romero concorda: “Disponibilizar a vacina no posto de saúde e é muito bom, mas ele geralmente está aberto quando as crianças estão na escola.” Ele deu o exemplo de Valença, no Sul Fluminense, que levou a vacina para as salas de aulas e teve 100% de cobertura em todas as fases da campanha.

Assim como a SBI, a Secretaria de Saúde do estado também defende a vacinação nas escolas, porém, lembra que esta decisão cabe a cada município.Em Resende, a taxa de vacinação na primeira etapa foi de 11% e em Japeri, de 18%.

Sobre o receio de pais em relação à imunização, especialistas garantem: a vacina é segura. “Todo produto químico produz efeito colateral, desde um remédio a uma vacina. Mas isso não impediu que Canadá e a Estados Unidos fizessem a vacinação e hoje tenham a doença quase erradicada por conta da ampla cobertura”, argumenta Romero.

Barreiras familiares e religiosas

Outro desafio para ampliar a cobertura da vacina são questões familiares e religiosas. O receio é que seria um incentivo para a iniciação precoce da vida sexual. Isabella Ballalaia argumenta que a realidade é o contrário: “As meninas têm que ser imunizadas antes da idade sexual por conta da eficácia da vacina”. Roni Filgueiras levou a filha de 13 anos para tomar a vacina no ano passado e ela não teve complicações. “Estava morrendo de medo, mas o pediatra insistiu. Disse que os riscos da vacina valiam mais do que os riscos do câncer”.

Reportagem da estagiária Flora Castro

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