Por gabriela.mattos

Havana - O Papa Francisco afirmou neste sábado, em seu primeiro discurso em território cubano, que a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos é um "exemplo" para mundo atual. "É um exemplo de reconciliação para o mundo e o mundo precisa desse exemplo porque vivemos um momento de uma terceira guerra mundial em partes", destacou o líder dos católicos.

Papa Francisco chegou em Havana no fim da tarde deste sábadoEfe

Jorge Mario Bergoglio ainda disse que "há vários meses, vemos um processo que nos enche de esperança" e que "após anos de distância, dois povos se reúnem", sendo uma "vitória do diálogo".

O sul-americano foi considerado fundamental por ambos os lados para que a reconciliação ocorresse. Ele intercedeu em diversas fases dos meses de conversas secretas entre os líderes dos EUA e de Cuba. O Pontífice começou seu discurso agradecendo as "palavras gentis" do presidente Raúl Castro e saudou as autoridades políticas e religiosas que estavam no local e ao povo cubano.

Ele ainda aproveitou para saudar o ex-presidente Fidel Castro. Francisco lembrou os seus predecessores, João Paulo II e Bento XVI, por retomarem os "laços" entre a Santa Sé e Cuba e pediu para que a Igreja "opere em Cuba com liberdade e com espaços necessários". O argentino lembrou dos cem anos das celebrações para Nossa Senhora do Cobre e que ela "abençoe o caminho de paz e de reconciliação".

"Geograficamente, Cuba é um arquipélago que olha para todos os caminhos, chave entre norte sul e leste e oeste. Sua vocação natural é ser um ponto de encontro para que todos se unam, como sonhou José Martí. Assim também foi o chamado de João Paulo II para que Cuba se abra o mundo e o mundo se abra para Cuba", ressaltou.

Por sua vez, em seu longo discurso, Raúl Castro afirmou ser uma "honra" a visita do Jorge Mario Bergoglio e que o povo cubano estava acolhendo a viagem "com muito afeto, respeito e hospitalidade". Citando a importância da "justiça social", o presidente destacou todos os desafios que o governo cubano tem para "dividir a riqueza".

Com uma crítica ferrenha ao capitalismo, o líder da ilha caribenha citou os efeitos que o sistema causa na sociedade, especialmente, nos mais pobres e nos imigrantes.

"Esses são os abandonados do mundo, que clamam por seus direitos, em um momento de justiça tão injusta", falou Castro.

Ele ainda ressaltou a importância do cuidado da natureza, um dos temas mais caros ao sucessor de Bento XVI, e acusou os países ricos e às multinacionais de serem "predadores" dos recursos naturais e da biodiversidade. Lembrando da participação de Bergoglio na normalização das relações com os Estados Unidos, Castro ainda pediu o fim do embargo econômico à ilha e a devolução do território onde está instalada a prisão militar de Guantánamo.

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