Por gabriela.mattos

Venezuela - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, fecharam um acordo de sete pontos para uma "progressiva normalização da fronteira" entre as nações na noite desta segunda-feira. A crise na região ocorre desde o dia 19 de agosto quando, após uma "emboscada" contra militares venezuelanos, Maduro ordenou o fechamento de parte dos 2.219 quilômetros da fronteira e deportou cerca de 1,6 mil colombianos.

Bogotá e Caracas fecham acordo sobre crise na fronteiraEPA

Os pontos fronteiriços continuarão fechados - já que esse não era um dos objetivos declarados da reunião -, mas ficou decidido que os embaixadores de ambos os países voltarão aos seus postos imediatamente. Além disso, os governos acordaram um novo debate entre ministros para esta quarta-feira, em Caracas, para "discutir temas sensíveis da fronteira".

Sobre os problemas denunciados por Santos contra os deportados, Maduro se comprometeu a fazer uma investigação sobre o que ocorreu na saída dos colombianos do país após a ordem de fechamento, mas não deu prazos para o fim das investigações.

Os outros pontos se dirigiram mais a uma declaração de boas intenções de vizinhos, como a "coexistência dos modelos políticos e sociais de cada país" e "um chamado ao espírito de irmandade e unidade, propiciando um clima de mútuo respeito e convivência".

Caracas e Bogotá também concordaram em continuar com a intermediação do Uruguai, através do presidente Tabaré Vázquez, e do Equador, com Rafael Corrêa, para solucionar o problema de maneira definitiva.

Correa foi o encarregado de ler os sete pontos, que, em nenhum momento, citavam um pedido de desculpas, arrependimentos ou compromissos mútuos para que fatos similares não ocorram novamente. "Quem venceu hoje? A sensatez, o diálogo e o que deve triunfar sempre: a paz entre nossos países e nossos povos", disse Maduro em seu discurso ressaltando que a reunião foi "complexa e difícil".

Por sua vez, Santos destacou que o encontro foi dominado pela "sensatez" e por "um debate, um diálogo sereno, respeitoso e produtivo". O presidente reiterou, como fez durante todo o mês, que sua nação não se opõe à decisão de Caracas de fechar a fronteira ou deportar compatriotas sem documentos, mas lamentou novamente a falta do devido processo para os expulsos, no que chamou de "incidentes que não deveriam acontecer".

"Entendo a preocupação do governo venezuelano com grupos criminais, com as máfias que estão incrustadas na fronteira e se aproveitam de diferenças para fazer seus delitos e crimes. Nós também estamos interessados em combater essas máfias e a melhor forma de fazer isso é fazermos juntos", ressaltou Santos.

Desde o dia 19 de agosto, mais de 19 mil colombianos abandonaram a Venezuela por medo da deportação ou de ter suas casas destruídas pelo governo Maduro.

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