Por clarissa.sardenberg
Venezuela - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira à noite uma iminente reforma ministerial depois que o governista Partido Socialista sofreu derrota esmagadora nas eleições legislativas, mas prometeu vetar planos da oposição de uma lei de anistia para os políticos presos. Ele pediu que os membros de seu Gabinete renunciem a seus respectivos cargos com o objetivo de realizar uma "reestruturação, renovação e relançamento" do governo.
O atual presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, acrescentou que, entre outras medidas, o governo vai nomear 12 novos juízes da Supremo Corte até 31 de dezembro.
Nicolás Maduro durante discurso no dia de eleição%2C neste domingo EFE

A próxima legislatura, com dois terços de políticos da oposição, vai iniciar os trabalhos em janeiro. O governo da Venezuela foi surpreendido pelo resultado das eleições de domingo, nas quais conquistou apenas 55 assentos contra 112 da oposição, e perdeu o controle da Assembleia Nacional pela primeira vez desde que o ex-presidente Hugo Chávez tomou posse, em 1999.

Um dos principais objetivos da oposição na nova legislatura é garantir a libertação de prisioneiros políticos, com destaque para Leopoldo López, preso por liderar protestos antigoverno em 2014 que resultaram em violência e mais de 40 mortes.

Maduro, porém, adotou um tom de desafio durante uma aparição de três horas na TV na terça-feira à noite.

"Não vou aceitar nenhuma lei de anistia, porque eles violaram os direitos humanos", disse Maduro. "Podem enviar-me mil leis, mas os assassinos têm que ser processados e têm que pagar."

A oposição da Venezuela pedira mais cedo na terça que Maduro parasse de apresentar desculpas pela derrota de seus candidatos e, em vez disso, enfrentasse com urgência a escassez de alimentos e libertasse os presos políticos.

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A pior crise econômica da história recente do país fez com que produtos básicos, incluindo farinha, leite, carne e feijão, ficassem escassos. A falta de alimentos é particularmente grave para os pobres e no interior do país, provocando horas de filas de espera dos produtos.