Por rafael.souza

Riade - A Arábia Saudita anunciou neste domingo o corte de relações diplomáticas com o Irã, na sequência da tensão gerada pela execução do clérigo xiita Nimr Baqer al-Nimr.

O anúncio foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Adel al-Jubeir, como reação ao ataque da embaixada de Riade em Teerão por manifestantes que protestavam contra a morte de Al-Nimr, um dos 47 executados na Arábia Saudita no sábado. Adel al-Jubeir anunciou também que todos os diplomatas iranianos presentes na Arábia Saudita terão de abandonar o reino sunita no prazo de 48 horas.

Mortes

A execução pela Arábia Saudita do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr causou revolta e protestos em comunidades xiitas pelo Oriente Médio. Al-Nimr era conhecido por verbalizar o sentimento da minoria xiita na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminalizada, e foi crítico persistente da família real saudita. Acredita-se que tinha um grande número de seguidores entre jovens xiitas sauditas.

Ele e outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas por crimes de terrorismo.

Manifestantes foram às ruas do Irã protestar contra execução de Nimr Baqir al-Nimr na Arábia SauditaEfe

A família do clérigo disse que entre as condenações incluia a acusação de "interferência estrangeira" no reino, mas seus apoiadores dizem que ele apenas defendia demonstrações pacíficas e era contrário à oposição violenta ao governo.

Ele foi, inclusive, um grande apoiador dos protestos na região leste saudita, de maioria xiita, em 2011. No ano seguinte, sua prisão - na qual ele foi baleado - gerou dias de manifestações nesta área, que resultaram na morte de três pessoas.
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O clérigo havia sido detido várias vezes nos últimos 10 anos e, em uma das ocasiões, disse ter apanhado de agentes da polícia secreta saudita.
Em 2008, se reuniu com autoridades dos Estados Unidos, segundo o site Wikileaks, numa tentativa de se afastar de posições antiamericanas e pró-Irã.
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O grupo de direitos humanos Reprieve considerou as execuções "espantosas", e disse que ao menos quatro dos mortos, incluindo Al-Nimr, foram condenados à morte por crimes relacionados a protestos políticos.

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