Por clarissa.sardenberg
Irão - O Ministério da Relações Exterirores do Irã acusou a Arábia Saudita nesta segunda-feira de usar um ataque à embaixada saudita em Teerã como pretexto para cortar as relações com o país, em uma crise diplomática que aprofunda a disputa, às vezes violenta, entre os dois países por maior influência no Oriente Médio. A polêmica se instalou depois que o clérigo xiita Nimr Baqer al-Nimr foi executado pelos iranianos.
O governo saudita cortou as relações com o Irã neste domingo, e o também sunita Barein adotou a mesma medida nesta segunda-feira, dois dias após manifestantes iranianos invadirem a embaixada da Arábia Saudita na capital iraniana em protesto contra a execução por Riad de um proeminente clérigo muçulmano xiita. O Sudão também anunciou o rompimento das relações com o Irã.
Manifestantes tomaram as ruas do Paquistão em protesto contra execução feita pelo Irã EFE

Os Emirados Árabes Unidos anunciaram uma redução nos laços com o Irã, à medida que a disputa entre as duas principais potências sunita e xiita se espalhou pela região, provocando uma alta no preço do petróleo e ameaçando aumentar as disputas sectárias no Oriente Médio.

A Rússia anunciou nesta segunda-feira que está disposta a mediar as relações entre Irã e Arábia Saudita para que superem a grave escalada de tensão que esses dois países atravessam.

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'Vingança divina'
Ao menos duas mesquitas muçulmanas sunitas foram atacadas no Iraque, em aparente retaliação pela execução do clérigo, disseram autoridades e a polícia nesta segunda-feira. Um homem foi morto a tiros no leste da Arábia Saudita neste domingo à noite quando as forças de segurança foram alvo de disparos, e duas mesquitas sunitas na província iraquiana de Hilla, de maioria xiita, foram alvo de bombas. No Paquistão, manifestantes tomaram as ruas para protestar contra a atitude de Irã. 
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Após uma resposta furiosa de comunidades xiitas espalhadas pelo mundo à execução pelo reino sunita do clérigo xiita Nimr al-Nimr, o chanceler saudita, Adel al-Jubeir, acusou o Irã de criar "células terroristas" entre as minorias xiitas na Arábia Saudita.
O Irã rebateu afirmando que Riad usou o incidente na embaixada e um ataque similar a seu consulado na cidade iraniana de Mashhad como "desculpa" para elevar as tensões.
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A Arábia Saudita executou Nimr e outros três xiitas acusados de terrorismo no sábado, ao lado de dezenas de jihadistas sunitas. O xiita Irã exaltou o clérigo como um "mártir" e advertiu a família Al Saud, que governa a Arábia Saudita, sobre uma "vingança divina".
Grupos xiitas se uniram na condenação à Arábia Saudita, enquanto potências sunitas apoiaram o reino, ampliando uma divisão sectária que tem destruído comunidades em todo o Oriente Médio e alimentado a ideologia jihadista do Estado Islâmico.
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