Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Após ser aprovado com sucesso na fase experimental em São Paulo, o primeiro ônibus fabricado no Brasil movido 100% a baterias, o E-bus da Eletra, deverá ser testado nos corredores BRT do Rio de Janeiro. A Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio de Janeiro ) quer iniciar, em 2015, as operações do modelo articulado da Eletra, que tem capacidade para até 150 passageiros e ar-condicionado.
Os testes em São Paulo foram realizados de março a agosto. Além de economizar 82% nos gastos com combustível em comparação com um ônibus a diesel, e proporcionar viagens sem barulho e sem emitir poluentes, o sistema de frenagem regenerativa foi capaz de gerar 33% da carga utilizada pelo veículo. “O motor elétrico vira um gerador quando o freio do veículo é acionado, e a energia que seria desperdiçada na frenagem é reaproveitada e acumulada nas baterias”, explica a gerente comercial da Eletra, Iêda Maria Oliveira.
O sistema de frenagem do E-bus é capaz de gerar 33% da carga elétricaDivulgação

No Rio, a Fetranspor testou na linha convencional 249 (Água Santa-Carioca) o ônibus elétrico a baterias da fabricante chinesa BYD em abril e maio. A entidade aprovou o desempenho, mas avalia que o preço do veículo ainda é impeditivo para substituir a frota a diesel.

Segundo o gerente de Operações da Mobilidade da Fetranspor, Guilherme Wilson, os ônibus elétricos chineses custam até R$ 900 mil, enquanto que os convencionais que rodam na cidade, sem ar-condicionado, custam R$ 300 mil. “Como a idade média da frota está em torno de 4 anos, um período tão curto não seria suficiente para o empresário recuperar os investimentos”, apontou Wilson.

O preço do veículo brasileiro, segundo os fabricantes, é equivalente ao do chinês, mas ambos podem cair com o avanço tecnológico, produção em larga escala e desenvolvimento de novas baterias.

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TESTES MOSTRAM ECONOMIA DE CUSTOS

Modelo brasileiro tem sistema de recarga mais vantajoso do que o chinês
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A economia nos gastos com combustível durante os testes com o ônibus chinês da BYD impressionou a Fetranspor: enquanto um veículo a diesel consumiu, em média, R$ 5,3 mil por mês na linha testada, o elétrico gastou apenas de R$ 1,2 mil, uma redução de custos de 78%.
A Fetranspor identificou, porém, alguns ajustes que seriam necessários. Os principais problemas apontados são o espaço interno reduzido, já que a bateria ocupa 30% do interior do veículo (o equivalente a uma redução de 20 passageiros), e o modelo de recarga, realizada apenas à noite na garagem.
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Segundo o gerente de Operações da Mobilidade da Fetranspor, Guilherme Wilson, o ônibus chinês tem autonomia para operar em várias linhas da cidade, porque com a recarga noturna, de 4 a 5 horas, percorre até 250 quilômetros. Ele aponta, porém, que o E-bus brasileiro oferece a vantagem de curtas recargas de 5 a 10 minutos nos terminais, além da recarga noturna, o que demanda um kit de bateria menos pesado e mais barato. “Imagina 400 ônibus carregando juntos durante 6 horas à noite. Demandaria uma energia sem precedentes”, diz a gerente da Eletra, Iêda Maria Alves de Oliveira.

Preço do veículo pode ser reduzido
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O diretor de Relações Governamentais e Marketing da BYD Brasil, Adalberto Maluf, adiantou que a empresa estuda reduzir o volume das baterias para alguns tipos de operação e ter recargas rápidas, de 5 minutos, nos terminais. Segundo ele, a companhia vai vender o ônibus elétrico pelo mesmo preço do similar a diesel, e a bateria pode ser alugada por um valor que seria compensado pela economia do combustível. “Assim, para o operador o preço seria igual, e para a cidade seria muito bom, pois teríamos a possibilidade de menos aumentos de tarifas, já que o preço da eletricidade sobe menos que o diesel. Isso sem contar que, como nosso ônibus carrega à noite, ele tem tarifa noturna mais barata e contrato de fornecimento de 5 a 10 anos com preço estável”, conclui Maluf.
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