Por karilayn.areias

Rio - Nem só de investimento em infraestrutura depende a qualidade da mobilidade urbana. Os profissionais que atuam na operação do transporte de passageiros precisam aprender o trabalho na prática. Falta qualificação. Ou melhor, faltava. Com a cobrança cada vez mais forte da sociedade por melhores serviços de transporte, a Fetranspor, a Universidade Corporativa do Transporte (UCT) e a Estácio desenvolveram, no Rio de Janeiro, o primeiro curso de graduação tecnóloga em Transporte, inédito na América Latina. A ideia é exportar o modelo para outras cidades.

Mobilidade na teoria%3A estudantes da turma de tecnólogo de transporteDivulgação

A primeira turma, formada por 42 alunos que trabalham em empresas de ônibus da Região Metropolitana, foi lançada em setembro. Entre eles estão mecânicos, motoristas, cobradores, gestores e rodoviários de outros cargos.

Tobias da Rosa, de 31 anos, motorista de ônibus há nove meses, pretende não só aperfeiçoar seu trabalho, como adquirir conhecimentos para assumir funções de planejamento em sua empresa e crescer na carreira. “Quero aprimorar minha performance na direção e a relação com o passageiro, e também aprender outras atividades, como gerenciamento de gastos e planejamento operacional”, diz o morador de São João de Meriti.

Ana Rosa Bonilauri, diretora da UCT, explica que a baixa escolaridade no setor motivou o lançamento do curso. “Na área de transportes, a profissionalização sempre foi feita nas garagens. Excelentes técnicos vão passando seus conhecimentos e formando novos técnicos, de maneira artesanal”, aponta.

Em dois anos de formação, os estudantes aprendem desde os conceitos sobre o moderno entendimento da mobilidade urbana, passando pelas questões ambientais e pela operação em todas as áreas das empresas, como contabilidade, compras, manutenção, gestão de pessoas, planejamento estratégico e operacional.

Segundo Eduardo Pitombo, diretor de Soluções Corporativas da Estácio, os primeiros alunos foram selecionados a partir da indicação das empresas. Novas turmas abertas ao público geral devem ser lançadas no ano que vem. “A qualificação é importante para otimizar os problemas de mobilidade”, comenta.

Sem plano de mobilidade urbana

A falta de qualificação não atinge só a operação. As prefeituras também têm dificuldades para desenvolver seus planos de mobilidade urbana, que devem orientar os investimentos no setor a longo prazo. Em muitos casos, o motivo é ausência de equipes qualificadas para elaborar os projetos.

A Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana já consultou 3.325 municípios desde novembro de 2014. Dos 1.456 que responderam aos ofícios, apenas 79 (5%) declararam possuir plano de mobilidade urbana. Outras 1.377 cidades (95%) afirmaram não ter o estudo, das quais 391 (28%) sinalizaram que estão elaborando.

A secretaria prepara um curso de capacitação para elaboração de planos de mobilidade a distância. Desde abril, cidades com mais de 20 mil habitantes que não entregaram seus projetos ao Ministério das Cidades estão impedidas de contratar novos financiamentos com a União para iniciativas no setor. O município do Rio informou recentemente que deve concluir o estudo até o fim do ano.

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