Por marlos.mendes
Rio - Após ser aprovado com sucesso na fase experimental em São Paulo, o primeiro ônibus fabricado no Brasil movido 100% a baterias, o E-bus da Eletra, deverá ser testado nos corredores BRT do Rio de Janeiro. A Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio de Janeiro ) quer iniciar as operações do modelo articulado da Eletra a partir de 2015.

Os testes em São Paulo foram realizados de março a agosto no corredor ABD, que liga os bairros de São Mateus e Jabaquara, na Região Metropolitana. Além de economizar 82% nos gastos com combustível em comparação com um ônibus a diesel, o sistema de frenagem regenerativa foi capaz de gerar 33% da carga utilizada pelo veículo. “O motor elétrico vira um gerador quando o freio é acionado, e a energia que seria desperdiçada na frenagem é reaproveitada e acumulada nas baterias”, explica a gerente comercial da Eletra, Iêda Maria Oliveira. O E-bus é fruto de parceria com as japonesas Mitsubishi Heavy Industries e Mitsubishi Corporation.

E-bus começa a ser testado em corredor BRT no ano que vemDivulgação

No Rio, a Fetranspor testou em linhas convencionais o ônibus elétrico a baterias da fabricante chinesa BYD em abril e maio. A entidade avaliou como positiva a performance do ônibus da BYD, que transportou passageiros entre a Zona Norte e o centro do Rio durante 60 dias. A economia na geração de energia foi o que mais impressionou: enquanto um veículo a diesel consumiu, em média, R$ 5,3 mil por mês para cumprir o trajeto diariamente, o elétrico precisou apenas de R$ 1,2 mil, uma redução de custos de 78%. O veículo ainda demonstrou uma autonomia para circular 250 km após única recarga noturna.

Entretanto, segundo o gerente de Operações da Mobilidade da Fetranspor, Guilherme Wilson, o alto custo dos ônibus elétricos chineses, que podem chegar à casa dos R$ 900 mil, ainda inviabiliza a substituição da frota. O E-bus se equipara a esse valor com a bateria, que não é fabricada no Brasil. Os convencionais que rodam na cidade, sem ar-condicionado, custam por volta de R$ 300 mil.
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“Como a idade média da frota da Região Metropolitana está em torno de 4 anos, um período tão curto não seria suficiente para o empresário recuperar os investimentos”, apontou Wilson. Em relação ao modelo da Eletra, ele conta que a Fetranspor ainda não fechou a negociação para os testes, mas que deve usá-los nos dois corredores BRT em operação: Transoeste e Transcarioca.
Segundo o gerente de Operações da Mobilidade da Fetranspor, Guilherme Wilson, o ônibus elétrico da BYD foi o primeiro a apresentar uma autonomia de 250 km após único abastecimento noturno. Ele aponta, porém, que o E-bus da Eletra oferece a vantagem de curtas recargas rápidas durante as paradas nas estações. “O E-bus está demonstrando resultados muito impressionantes, porque opera com um abastecimento lento à noite, e, durante o dia, vai fazendo recargas de 5 a 10 minutos no terminal. Isso permite a ele completar viagens sem um kit de baterias tão pesado”, diz Wilson. A gerente comercial da Eletra, Iêda Maria Alves de Oliveira, ressalta que a realidade do transporte público não viabiliza o modelo de recarga única. “Imagina 400 ônibus carregando juntos num período de 6 horas à noite. Demandaria uma energia sem precedentes”, diz ela.
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O diretor de Relações Governamentais e Marketing da BYD Brasil, Adalberto Maluf, adiantou que a empresa também estuda reduzir o volume das baterias para alguns tipos de operação e ter recargas rápidas, de 5 minutos, nos terminais. Segundo ele, a companhia vai vender o ônibus elétrico pelo mesmo preço do similar a diesel, e a bateria pode ser alugada pelo um valor a ser compensado pela economia do combustível. A Empresa Municipal de Transportes Urbanos de São Paulo informou que o ônibus da Eletra ainda é um protótipo para viabilizar futuramente produção em escala, que ainda depende de uma rede nacional de fornecedores de componentes, além de incentivos governamentais às operadoras.
 
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