Por bferreira
Rio - Autor do livro ‘Sociologia dos partidos políticos’, escrito em 1911 e editado pela Editora Universidade de Brasília, em 1982, o sociólogo alemão Robert Michels, de convicções socialistas, deu aulas em universidades da Alemanha, da França e da Itália. Na de Turim, ensinou Economia, Ciências Políticas e Sociologia. Decepcionado com a falta de democracia nos partidos progressistas, faleceu em 1936, acusado de conivência com o fascismo.
O que Robert Michels denunciou há 102 anos infelizmente é praxe ainda nos tempos de hoje. A direção do partido é progressivamente ocupada por seleto grupo profissionalizado que, a cada eleição, distribui entre si as diferentes funções. Os caciques são sempre os mesmos, sem que as bases tenham condições de influir e renovar os quadros de direção.
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À medida que o partido ganha espaço de poder, menos se interessa em promover o trabalho de base. A mobilização é trocada pela profissionalização (incluídos aqueles que ocupam cargos eletivos), a democracia cede lugar à autocracia, a ampliação e preservação dos espaços de poder tornam-se mais importantes que os princípios programáticos e ideológicos.
A Igreja Católica, por exemplo, é uma típica instituição que absorveu a estrutura imperial e vertical do Império Romano e ainda hoje dela não se livrou. E tenta justificá-la sob o pretexto de que essa estrutura decorre da vontade divina...
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Enquanto tateamos em busca da democracia real, na qual a vontade do povo não significa mais do que uma retórica demagógica, temos o consolo de uma invencível aliada dos que criticam a perpetuação de políticos no poder: a morte. Ela, sim, faz a fila andar, promove a dança das cadeiras, abre espaço aos novos talentos.
Escritor, autor de ‘A mosca azul: reflexão sobre o poder’
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