Por bferreira

Rio - É quase certo haver manifestações na Jornada Mundial da Juventude. O ativismo, embora sem a potência da segunda quinzena de junho, continua firme — em parte prorrogado pelos exageros da polícia na repressão às passeatas. O evento traz mensagem de paz e uma enxurrada de fiéis, chamando a atenção de sem-número de países — e com a polêmica do gasto de muito dinheiro público sem maiores debates com os contribuintes. Natural, portanto, que não seja unanimidade em um país plural e democrático.

Parece haver, por parte da Prefeitura do Rio, excesso de zelo — justificável pelos incidentes detonados por minoria radical. Argumentou-se que o Papa nada tem a ver com os malfeitos no Brasil, como se o Pontífice fosse uma entidade indiferente a mazelas dos países que visita. Falou-se em “perdão divino” aos políticos. Ainda que no Vaticano exista gente com perfil semelhante, nada leva a crer que Francisco aja dessa forma.

E por duas razões. Uma diz respeito ao caráter do Santo Padre, um religioso humilde e bastante atento ao seu rebanho, sobretudo ao que o aflige. Outra está associada ao objetivo da Jornada. Bento XVI a resumiu como “o chamado a ser o fermento que faz a massa crescer”. O engajamento é vital para o cristianismo e para a cidadania, e ambos são fortemente influenciados pelos jovens, exatamente por isso o cerne da JMJ.

A maioria dos manifestantes cariocas quer paz e respeita as instituições, a Jornada aí incluída. É sadio que os momentos de transformação do país dialoguem com o histórico encontro de jovens no Rio. Separá-los não vai ajudar em nada.

Você pode gostar