Por nara.boechat

Rio - Algumas das revoluções da Primavera Árabe em 2011 e os recentes problemas sociais em países como Portugal, Grécia, Itália e Espanha tiveram motivo em comum: a insatisfação dos jovens com as poucas perspectivas de emprego e o alto custo de vida. Não há dúvidas de que parte das manifestações por aqui nos últimos meses teve essa causa. Exemplo que vem da Alemanha, porém, pode ser muito bem aproveitado aqui como antídoto para eventual baixa na taxa de ocupação de pessoas com até 25 anos. Envolve o desapego ao diploma universitário aliado a modelo forte de ensino profissionalizante em massa.

A Alemanha conseguiu defender-se com mais eficiência das ondas de desemprego — lá, a taxa é de 8%. Um dos segredos para este resultado foi o investimento no ensino técnico dual. Viabilizado por PPPs, ele proporciona ao estudante receber formação profissionalizante com o auxílio da escola e de empresas.

Apenas num instituto governamental alemão há 1,4 milhão de jovens matriculados neste modelo. No Brasil, somados estudantes das redes pública e particular, 1,3 milhão está em cursos técnicos. A população alemã tem 120 milhões a menos de pessoas que a nossa.

No Brasil, é um desafio conhecido preencher vagas de nível técnico nas áreas de petróleo e gás, setor naval e tecnologia da informação. Estudo da CNI mostra que 72% dos ex-alunos de cursos técnicos conseguem trabalho no primeiro ano após a formatura. Assim, mais alunos no ensino técnico brasileiro evitariam gargalos em nossa economia e o desemprego entre jovens.

A ampliação do Sisutec é bom passo nessa direção, mas a parceria com empresas pode ser ainda maior. Resta também nos adaptarmos a uma questão cultural: na Alemanha, por exemplo, o diploma universitário não tem a importância em termos de status de que dispõe no Brasil, em comparação com o técnico.

Paulo Sardinha é presidente da ABRH-RJ

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