Por bferreira

Rio - Já tínhamos ‘A Presença de Anita’. O que não desconfiávamos era do Pum de Anitta! Pois foi a vingança da subjugada: em cadeia nacional, a bailarina de cabelo “Paris em chamas” conta para o Faustão e todo o Brasil que a funkeira poderosa toda em cristais (mas que peida igual a todos os mortais) obrigava suas bailarinas a ficar cheirando seu pum na van. Constrangimento, risos amarelos, suspeita de demissão, mal-estar. Muitos devem ter dito: bem feito! Flatulência dentro da van com outras pessoas não é de bom tom, e não permitir que o povo se escafeda é digno de Maria Antonieta, a siderada que se achava um degrau acima do resto da humanidade. Se alegar que era brincadeira, vai brincar mal assim no inferno. Humilhante.

Prepara! Agora, o show da peidorosa que mexe e obriga todos a ficar na van. Será que ela pensa que peida cheiroso? Foi o mais “edificante” momento da TV em 2013, e desde já peço ao Faustão que continue a entrevistar empregados de celebridades, pois é por eles que vamos saber mais coisas degradantes das estrelas.

Isto posto, vou para um assunto mais chique: milionários que compram obras de arte e que não ficam com elas trancafiadas em porões de castelos, se masturbando intelectualmente, só eles e as obras. Ricos que exibem para o povão seus tesouros artísticos, que o dinheiro pode comprar: Roberto Marinho através de seus herdeiros, no Paço Imperial, e Angela Gutierrez no Museu de Belas Artes. Que maravilha. Que possibilidade de as pessoas que não têm a grana deles poder compartilhar a beleza de obras importantíssimas para o Brasil e o mundo. O mais bem aplicado dos dinheiros, uma fortuna pessoal revertida em prol da comunidade, exibida para que simples mortais possam usufruir do prazer estético de ver o que poderia estar interditado para sempre. Deve ser para isso que o dinheiro serve, para a generosidade. Não percam, corram para ver!

E vendo a exposição Herança do Sagrado, do Museu do Vaticano, também no Belas Artes, ao ler o crédito da pintura de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, descobri que ela não era negra, e sim “a imagem depois de anos submersa deve ter perdido sua cor original e foi encontrada em marrom escuro da terracota”. Meu Deus, e eu que achava que ela era brasileiríssima, uma das únicas santas negras do mundo! Que pena, adoro os pouquíssimos santos negros, porque este povo sofrido e explorado quase nunca é associado à santidade. Tomara que Juliano Moreira, o pai da psiquiatria brasileira, e grande doutor, seja preto mesmo. Eu ficaria decepcionado se ele fosse de terracota pintada e desbotada...

Milton Cunha é carnavalesco e Doutor em Ciência da Literatura pela UFRJ | E-mail: chapa@odia.com.br

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