Por bferreira

Rio - O cidadão é o objetivo final de toda administração pública. Logo, é fundamental que o Estado dispense a todos o mesmo tratamento, destinando seus recursos de acordo com as necessidades da população. Infelizmente, não é o que vem acontecendo há algum tempo no Rio.

Historicamente, as áreas mais nobres da cidade recebem do Estado tratamento diferenciado, com serviços de melhor qualidade, como se os moradores dos demais bairros fossem cidadãos de segunda classe, a quem não fosse necessário oferecer o mesmo padrão de serviço. Nos últimos quatro anos, foram formados 6 mil policiais, e nenhum foi para áreas de maior criminalidade.

E é na segurança pública que essa discriminação mostra seu lado mais cruel. A violência leva a Zona Norte a registrar o triste título de campeã em homicídios dolosos, em roubo de veículos e a transeuntes. Com a instalação das UPPs, a situação ficou ainda mais crítica, já que os malfeitores migraram para outras regiões. O Estado age como quem varre o lixo para baixo do tapete, ou seja, ignora que o problema continua o mesmo, apenas aflige os moradores de outros bairros. E não estamos falando de teoria.

Estamos falando de números que expressam de modo cristalino essa discriminação. Enquanto o 41º Batalhão, em Irajá, tem um PM para cada 1.143 moradores, o 23º Batalhão, no Leblon, tem um policial para cada 157 habitantes. Nessa mesma linha, o 9º Batalhão, em Rocha Miranda, tem um PM para cada 1.213 habitantes.

O curioso é que o 9º Batalhão, por exemplo, foi o que mais registrou roubo a transeuntes no ano passado e o que está em segundo lugar em roubo de veículos. Já o 41º ostenta os maiores índices de criminalidade do Rio, com 199 homicídios dolosos, contra 19 casos na área do 23º BPM, no Leblon. Não é preciso ser especialista para perceber que algo está profundamente errado na distribuição do efetivo policial. E isso não pode continuar. O morador da Zona Norte merece respeito.

Deputado estadual pelo PMDB

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