Por adriano.araujo

Rio - Os recentes acontecimentos envolvendo a chegada dos médicos cubanos ao Brasil colocaram em pauta o preconceito e o egoísmo de parte da sociedade brasileira.

Foi repugnante ler frases como a da jornalista que, num coquetel de ódio e menosprezo, resolveu dizer aos seus amigos de rede social que “essas médicas cubanas tem (sic) uma cara de empregadas domésticas. Será que são médicas mesmo?” Repugnante, mas não surpreendente. Sentimento análogo aflorou quando aprovamos, no Congresso Nacional, a PEC das Domésticas.

Surpresa mesmo foi ver médicas e médicos, pessoas que, em tese, deveriam ter uma sólida formação intelectual e humanista, transformados em torcida mal-educada a gritar injúrias contra seus colegas cubanos. Uma cena vergonhosa, que correu o mundo e revelou a face menos cordial do nosso país.

Se esses doutores e essas doutoras estão mesmo tão preocupados com o trabalho escravo, devem se mobilizar — e ajudar a mobilizar seus colegas — para pressionar o Senado no sentido de votar logo a PEC 438, que tem como objetivo acabar com o trabalho escravo no Brasil e punir os responsáveis de forma exemplar.

É incrível, mas contra a PEC 438 há uma resistência organizada e forte, tanto na sociedade quanto no Parlamento. É preciso derrotá-la. E para isso é necessário que haja pressão popular. Eis aí uma causa concreta pela qual vale muito a pena se mobilizar.

Essa é uma luta que merece ser abraçada por todos, inclusive os indignados médicos que se mostram tão contrários à escravidão. Ela não vem de Cuba. Pode ser observada aqui mesmo, no Brasil do século 21. E precisa ser combatida e eliminada de nossas fazendas, carvoarias, pedreiras e, sobretudo, de nossas mentes.

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