Rio - Na visita aos Estados Unidos, por ocasião da abertura dos trabalhos na Organização das Nações Unidas (ONU), a presidenta Dilma Rousseff tem trazido para os holofotes assuntos de extrema relevância. O necessário agravo contra o escândalo da espionagem norte-americana foi o mais ruidoso, mas outro ponto sensível das relações internacionais abordado no discurso merece igual atenção: a reforma do Conselho de Segurança da ONU.
A pauta é antiga — o ex-presidente Lula foi um insistente militante — e ontem foi retomada por aliados de peso: diplomatas da Alemanha, da Índia e do Japão. Sete décadas se passaram desde a fundação da ONU, e o Conselho de Segurança, o órgão mais importante da entidade — moldado segundo os interesses dos vencedores da Segunda Guerra Mundial —, segue com sua estrutura anacrônica e desigual, apesar do imenso poder que detém.
Pouco adianta o Brasil frequentemente ser eleito para ocupar um dos assentos temporários se toda decisão na mesa pode ser vetada por um dos cinco países efetivos: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Hoje o mundo definitivamente não está nas mãos somente desse quinteto. A Alemanha é a mais sólida economia da Europa, e o Japão jamais deixou de ter peso decisivo no Pacífico. Índia e Brasil são emergentes com atuação relevante.
Não é diplomático um ‘Clube do Bolinha’ continuar mandando e desmandando alheio ao que pensa e defende o diversificado colegiado de diplomatas que compõem a ONU. A solução tem de vir, seja pela ampliação do Conselho ou pela sua extinção.