Por bferreira

Rio - Um artista marroquino apresentou ao Centro Georges Pompidou, em Paris, um trabalho de homens e mulheres-casulo, distribuídos por um grande salão, aparentemente domados. Demonstração de algo dominado e controlado pela sociedade.

Diria o cantor brasileiro: “É a fera ferida”, acuada nos cantos, envolvida em desencantos com o que aprende e com o que não aprende. Não assimila conteúdos nem lê o mundo. Está condenado a situações terríveis: de um lado, ficar desempregado por não saber onde está, para onde vai e o que sabe fazer; de outro, se só assimilar os conteúdos da escola poderá estar passando por um treino para ser, no futuro, um ‘monstrinho’.

Qual será a consequência? Quem surgirá deste mundo com disfarces de controle? Seriam todos eles os ovos de serpente prontos para vir à tona? Seriam estes os alunos imaginados no clipe do conjunto Pink Floyd para a música que canta “We don’t need no education”?

O artista nos faz refletir, sobretudo porque as manifestações de junho representam a saída de borboletas dos casulos, numa revoada sem controle, sem direção e sem lideranças. Simplesmente uma revoada porque chegou ao momento semelhante ao de um enxame.

O espanto do mestre diante dos homens-casulo é o retrato do medo pelo que poderá surgir quando perceberem que estão relegados às sombras da caverna platônica e desejam enfrentar a forte luz do ambiente, mesmo que entre eles surjam outros elementos nada pacíficos e até destruidores, fantasiados de black blocs.

Seria importante que as escolas refletissem sobre esta cena artística e profundamente marcada pela realidade da doma ainda existente, que não conseguiu fazer com que mestres e pedagogos pensassem sobre o barril de pólvora em que estão sentados.

Pedagogo e escritor

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