Por bferreira

Rio - Tá no papo da papuda: abrimos o desfile com a comissão de frente das 15 papudas, que são mulheres gordas, com vestidos um de cada cor, cujos papos, artificiais, moles e longos, apresentam zíperes na parte da frente. Diante do júri, abrem seus papos e de lá retiram fotos dos mensaleiros e as mostram ao público. Quando viram as fotos, o outro lado revela a foto de Lula, o presidente que nada sabia e nada tem a declarar, agora.

A porta-bandeira vem rodopiando em seguida, trazendo na sua saia a Grande Pizza. Ao chegar diante das cabines, para a apresentação oficial, o Mestre-Sala Pizzaiolo, com a pá de paetês na mão, retira um dos pedaços da pizza-saia, usando-o como leque para suas mesuras e proteções à grande dama do pavilhão. Depois a ala dos mensalinhos, presos comuns que não dispõem das regalias dos mensaleiros mensalões. É a ala do povo do Brasil, da gente comum. Totalmente em contraste com a primeira alegoria, a do colarinho branco, que apresenta golas em elevadores hidráulicos, subindo e descendo, escondendo e revelando os rostos dos grandes criminosos brasileiros, que por serem ricos, tipo Salvatore Cacciola, Pedro Paulo de Souza da Encol etc, conseguiram ou protelar para sempre suas prisões, ou providenciaram escafeder-se da nação.

Surgem as baianas, de Dilma, cujo pano da costa é a faixa-presidencial, e tendo o tailleur vermelho sendo a parte de cima da indumentária. Nos babados da saia rodada, as inscrições: tarefa do governo é combater a corrupção! Elas estão diante do segundo carro alegórico, mostrando Pizzolato num jatinho e dando uma banana ao Brasil, igualzinho ao último capítulo da novela Vale Tudo. Reginaldo Faria desfila à frente da grande escultura do moço.

Vem a bateria, um mar de negros em negro: são os black blocs, de óculos e lenços a tapar-lhes queixo e boca. Entre os ritmistas, alguns adereços de janelas de prédios da Assembleia Estadual, Municipal e do Itamarati pegando fogo, conforme aconteceu. Entram na Avenida as alas formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta e evasão de divisas. Quando o público está delirando e aplaudindo, toma um susto com a aparição da alegoria que traz Roberto Jefferson em versão o gordo e o magro, ameaçadores, apontando para todos.

Posso continuar viajando na brincadeira de sonhar uma volta dos enredos críticos, de cunho político e social. Mas isto foi-se. Então esta coluna só serve para ser o túmulo do tempo em que as escolas não estavam fadadas ao fracasso de júri, se apresentassem na Sapucaí os que derreteram a taça na maior cara de pau.

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