Por bferreira
Agosto leva a fama, mas o mês mais difícil do ano é, com certeza, dezembro. Pelo menos para nós, os pobres mortais, obrigados a nos dividir e multiplicar entre perus, passas, castanhas, dezenas de contas, outro tanto de livros de ouro, sem contar as caixinhas embrulhadas em papel de natal e outros tantos envelopes que os entregadores de jornal, de revista, de farmácia deixam distraidamente nas nossas caixas de correio, no últimos mês do ano. Nunca pensei que existissem tantos carteiros envolvidos com meu endereço.
Tem carteiro de carta simples, de malote e de carta registrada, e todos deixam seus envelopes. É mais ou menos como se tivesse sido dada uma ordem geral para que tudo, absolutamente tudo que foi adiado o ano todo, tivesse que ser resolvido antes do Natal. Isto tudo sem contar a lista de presentes, as lojas sempre cheias, gente esperando na porta, de manhã cedo, como se o fim do ano fosse o fim dos tempos. E olha que nem quero pensar na ida ao supermercado, na lista de compras, na diferença absurda de preço entre um e outro estabelecimento, todos com as placas de horários, diferentes, para “facilitar” a vida do cliente. Pra completar, quando se chega em casa, destruída, depois de um dia de trabalho e das procuras natalinas, sempre falta alguma coisa tipo o pão da rabanada ou o vaso de bico de papagaio.
Publicidade
E, é claro, algum presente, por mais que a pessoa tenha se esforçado para se lembrar de todo mundo quando fez sua lista. E trate de se organizar porque é tempo de reuniões com amigos, de comparecer a jantares e almoços que você marcou e faltou o ano todo, além das festas da firma, de amigos secretos, ocultos, alguns quase inimigos, que são outra marca deste mês de encontros, mesmo quando você não tem tempo nem pra se encontrar com você mesmo. Mas somos todos valentes guerreiros e guerreiras dedicados a cumprir uma agenda interminável, olheiras profundas, sorriso nos lábios, pensando em tudo que ouvimos nesta época do ano tipo “é tempo de desapego”, “é momento de fazer o bem”, “é hora de praticar a generosidade, o perdão”.
O nível de estresse sobe a patamares inacreditáveis, os táxis simplesmente desaparecem, todo mundo esbarra em todo mundo, sacolas se bicam em escadas, elevadores, corredores e, quando você acha que deu conta, descobre que ainda falta pensar no Réveillon, na festa, na roupa, nos acessórios e nas cores que devem ser usadas para que os desejos sejam todos realizados. Ainda bem que, este ano, o amarelo, a cor do dinheiro, está em alta. Pelo menos fica mais fácil cumprir esta meta. Feliz Natal!