Por thiago.antunes
Rio - O ano começa com três casos estúpidos de agressão contra mulheres. Em todos, praticamente não há dúvidas sobre a participação de cônjuges ou ex-companheiros. Uma das vítimas já teve morte cerebral: despencou de uma laje, em São Gonçalo. Tudo indica que o namorado a empurrou. Outra jovem luta pela vida, esfaqueada na Tijuca, e acusa o ex. A terceira escapou da morte duas vezes em Copacabana: era esganada pelo marido, que, num acesso de fúria, esvaziou a munição do revólver tomado de um incauto PM. O sujeito não matou ninguém, mas podia ter assassinado a esposa — e outros — a bala.
A briga do Réveillon teria sido mais uma num longo histórico de violência, relatado por vizinhos, como O DIA mostrou ontem. Nos outros dois casos, também é custoso crer tratar-se de fatalidades. Estudo da Organização Mundial da Saúde aponta que maridos e namorados são os agressores mais comuns e alerta para o fato de que a violência é mais frequente do que se imagina. A OMS ressalta que é importante encarar o problema como questão de saúde pública.
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A gravidade do tema tem respaldo no Brasil. Em setembro, este espaço chamou a atenção para números do Ipea sobre homicídios de mulheres. Estimou-se em 16 os assassinatos diários desde 2001 e afirmou que a Lei Maria da Penha, festejada como importante marco na luta pela defesa das mulheres, mal interferiu nos registros da brutalidade.
Prender brutamontes, como preconiza a lei, foi um avanço inegável. A legislação ainda facilitou o pedido de ajuda a quem antes sofria calada. O acesso à autoridade policial e às ferramentas para pegar e punir os agressores pode estar mais fácil, mas as agressões continuam. Uma das soluções, como propõe o Centro Latino-Americano de Sexualidade e Direitos Humanos, da Uerj, é investir em Educação e debater o tema nas escolas, desde cedo, para que a mentalidade tacanha de pôr a mulher num patamar inferior e considerá-la merecedora de chutes, socos, pontapés e coisa pior seja extirpada com bom senso e respeito.