Disparidade de benefícios e achatamento constante dos vencimentos são queixas comuns que voltam à pauta dos inativos nesta efeméride
Por tamyres.matos
Rio - Não é de hoje que aposentados têm dificuldade em encontrar razões para comemorar o seu dia, celebrado todo 24 de janeiro. Em 2014, sobram justas lamentações. Disparidade de benefícios e achatamento constante dos vencimentos são queixas comuns que voltam à pauta dos inativos nesta efeméride. O que preocupa a classe é a tendência de um aperto cada vez maior, já que a conta da Previdência é uma bola de neve que só cresce.
Um enorme contingente de 16,7 milhões de brasileiros recebe entre R$ 724, o salário mínimo, e R$ 4.390. Valores que contrastam com as aposentadorias dos servidores inativos da União, que vão de R$ 6.366 a R$ 16.297. A discrepância tem origem nos salários mais altos do funcionalismo federal e na paridade de vencimentos permitida por lei. Ainda que medidas tenham sido tomadas para reduzir esse desequilíbrio, a esquizofrenia incomoda.
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Mais da metade dos aposentados recebe o piso. Quem ganha acima do mínimo vê seu poder real de compra minguar ano após ano, graças aos reajustes pífios, a despeito da inflação, que nos últimos meses deu incômodos sinais de recrudescimento. Em que pese a evolução do salário mínimo, hoje um tanto mais forte do que há 20 anos — os R$ 724 compram 300 dólares, três vezes mais o valor equivalente aos 100 dólares pretendidos há décadas por governos —, a política de achatamento é um fantasma para milhões de aposentados. Muitos vivem sozinhos ou são fundamentais para compor a renda da família.
O nivelamento por baixo assusta no momento em que a população idosa só faz crescer e as pessoas vivem cada vez mais. Uma hora a matemática não vai fechar, mas é injusto que se mande a conta do estouro justamente para os que dependem do dinheiro. Muito se discute sobre a Reforma da Previdência, como o fim do indigesto Fator Previdenciário, mas é necessário ir além e ter vontade política para sanear um processo vital para o país.