Por tamyres.matos
Rio - O acidente de esqui que acabou com a carreira e quase com a vida de Schumacher prova que qualquer esporte (no caso dele, esqui, mas poderia ser um acidente de ‘trabalho’, como o de Ayrton Senna) é uma luta sempre perdida contra a Lei da Gravidade. Isso vale para todos os esportes, sem exceção: Fórmula Indy, Fórmula-1, corrida de patins, bicicleta, moto, caminhão, tudo junto e misturado como na corrida Paris-Dacar.
Em terra, ela, a Lei da Gravidade, é fatal para os humanos. Alpinismo, skate, atletismo: corridas (qualquer lebre é mais rápida que os supervelocistas jamaicanos), saltos, arremessos (de peso, de martelo, de dardo) danças (com a possível exceção de Fred Astaire), qualquer espetáculo circense, equilibristas, globo da morte (aquele com motociclistas). Agora está na moda um novo esporte (pelo menos para mim), o arvorismo. Um macaco-prego morreria de rir vendo o mico que qualquer ser humano paga tentando pular de galho em galho como um Tarzan sem efeitos especiais.
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O mesmo (riso escarninho) acometeria à lagartixa de uns cinco centímetros que saltitava alegremente no teto do quarto se visse na televisão os chamados homens-aranha tentando escalar um edifício. Para humilhar, a danadinha, que zanzava de cabeça pra baixo, deu um salto mortal (para qualquer ser humano, não pra ela) para a parede e desceu, fagueira, até o chão. Para humilhar o rastejante ser que vos fala.
Já a outra lei da gravidade (no sentido de seriedade) só pode ser derrotada por uma coisa: o humor. A propósito, uma vez escrevi que só restavam dois ofícios masculinos: estivador e cartunista. Só resta o segundo. Já imaginou levar um soco da parrudíssima Serena Williams, com aqueles bíceps de estivador? Ficou só a profissão de cartunista. Confesso que eu mesmo — que já trabalho nisso há mais de 50 anos — nunca entendi por que não há mulheres cartunistas.
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Chutando, eu diria a profissão, embora aparentemente sofisticada, é de uma brutalidade intrínseca. Acredito que um dos motivos dessa confusão seja a mania recente de rotularem quadrinhistas, ilustradores e caricaturistas como cartunistas. Maryza é uma grande ilustradora, Maitena é quadrinhista, Hilde Weber foi uma excepcional caricaturista. Nenhuma cartunista. E o Laerte, perguntará quem viu no programa da Marília Gabriela o cartunista vestido de mulher? E eu responderei com outra pergunta: se é mulher, por que continua assinando seus desenhos como Laerte?