Não dá pra negar que qualquer coisa que aprendamos na vida precisa ser colocada em prática
Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Não dá pra negar que qualquer coisa que aprendamos na vida precisa ser colocada em prática, para que tenhamos a consciência de que assimilamos bem o ensinamento. Então, é importante termos em mente que, em nossa caminhada de cristãos, praticar a fé também é fundamental.
Agora, após termos aprendido com o ‘Pai-Nosso’ e a ‘Oração de São Francisco’, é tempo de um pouco mais de ousadia: podemos começar a pensar em atitudes concretas, já que “a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (Ti 2,17-18).
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Para trilharmos mais este caminho, vamos mergulhar na proposta da Arquidiocese do Rio: viver o Ano da Caridade. Fundamentados pela leitura bíblica na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (13,4-8a) vamos, então, refletir sobre atitudes concretas que podemos testemunhar, já que caridade é treino. Vejamos: “A caridade é paciente.”(I Cor 13,4a)
Mas nós somos impacientes para tudo, não é? No trânsito, numa conversa, com as coisas que temos que fazer e, devido às novas tecnologias, isso tende a ser cada vez mais aguçado: nunca estamos satisfeitos com a velocidade da internet, por exemplo... A impaciência vem camuflada pela desculpa de que não temos tempo a perder, já reparou? Como praticar a caridade, que é paciente, então?
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Vamos buscar os idosos. Eles podem nos ajudar! Especialmente aqueles que vivem em abrigos e asilos. Mas também aqueles da família e os que estão ao redor. Como? Basta olhar para um deles nos olhos, com verdadeira atenção e amor e o deixar falar sobre o que quiser. Ele vai contar uma ou várias histórias da sua vida, de coisas boas ou ruins que aconteceram e, ao terminar, provavelmente, vai repetir tudo de novo e, talvez, novamente depois, com ênfase num detalhe ou outro. Simplesmente porque o fato de ter alguém ali para ouvi-lo é motivo de alegria. Geralmente idosos não têm com quem conversar... Mas não é para você cortar o assunto ou dizer que ele já falou aquilo e que a repetição é chata, não, viu?! Nada disso! Se disponha a estar ali. E se ele repetir — algo que fatalmente deve acontecer — preste ainda mais atenção. Se não às palavras, à forma como as pronuncia. Lembro sempre de um amigo, que me ensinou uma forma muito linda de caridade: “Sempre que a mamãe fica repetindo aquelas histórias, ao invés de me entediar, dou a ela o meu melhor olhar e fico atento aos gestos, sorrisos e outras expressões enquanto fala, porque sei que ela gosta que eu esteja ali, diante dela, e também porque sei que ela não estará para sempre junto de mim e a recordação de tudo isso é a minha forma de eternizá-la.” Que lindo, não é mesmo? E eu testemunho que este amigo é hoje uma das pessoas mais pacientes que conheço.
Em asilos e em abrigos há irmãos que não têm nem familiares que os visitem... Talvez você pense que eles precisam de nós. Mas será que, no fundo, não somos nós que precisamos deles? Eu reconheço que posso ser muito mais paciente e me disponho a esse exercício. E você, aceita começar este ótimo treino, praticando a fé? Então, ‘tamu junto’!
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Padre Omar: é o Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado. Faça perguntas ao Padre Omar pelo e-mail padreomar@padreomar.com. Acesse também www.padreomar.com e www.facebook.com/padreomarraposo