Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - O Rio de Janeiro mais uma vez saiu na frente e deu exemplo. Podemos bater no peito e comemorar a boa notícia de que acaba de chegar ao Brasil o primeiro lote com quatro milhões de doses da vacina contra o HPV (sigla em inglês para o Vírus do Papiloma Humano), principal causa de câncer de útero. Antes disponível apenas na rede privada, a um custo inviável para a maioria das famílias (clínicas particulares cobravam até R$ 1.200 pelas três doses necessárias), agora a vacina será disponibilizada gratuitamente na rede pública e postos de todo o país.
Para se ter uma ideia do que isso representa, basta lembrar que o câncer de útero vitima anualmente cerca de 18 mil brasileiras, segundo dados do Ministério da Saúde. No Rio, deverão ser imunizados sete milhões de crianças e jovens a partir dos 10 anos. O HPV é transmitido principalmente por contato sexual e atinge cerca de 630 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Nem todos, entretanto, manifestam sintomas das doenças, mas são transmissores em potencial.
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E por que o Rio deve se orgulhar disso? Porque fomos o primeiro estado a ter a ousadia de aprovar uma lei — cuja autoria divido com meu colega deputado Bernardo Rossi — garantindo a gratuidade da vacina na rede pública. Apesar do impacto financeiro que ela geraria no Orçamento da Saúde, ela foi prontamente sancionada pelo governador Sérgio Cabral, em outubro de 2011. O Rio saiu na frente, e o Brasil, meses depois, veio junto. E isso é realmente muito bom. O acesso gratuito à vacinação contra o HPV vai salvar centenas de vidas e poupar milhares de mulheres do sofrimento do tratamento da doença. Junto com os exames preventivos e campanhas educativas, este é o caminho da saúde pública — atuando, sobretudo, na prevenção.
É fato que todas as pessoas, sejam elas ricas ou pobres, estão sujeitas a doenças. Porque doença não escolhe cor, credo, raça nem classe social. Mas é inegável que os menos favorecidos dependem muito mais da ação do poder público do que as classes privilegiadas — seja na Saúde, na Educação ou no acesso ao saneamento, para citar apenas três áreas essenciais.
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Políticas públicas sérias devem ter como referência muito mais o benefício gerado do que o impacto financeiro da medida. Vidas humanas não podem ser mensuradas nem encaradas como custo, mas como investimento. Foi isso o que norteou a lei, a sua aprovação, a sua sanção e, agora, felizmente, podemos comemorar a sua universalização.
Rafael Picciani é deputado estadual licenciado e secretário estadual de Habitação
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