Por bferreira

Rio - Abram alas para a mais bela cidade do mundo! Participemos todos desta ciranda, comemorando mais um aniversário da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, justamente em meio à festa que se confunde com a alma carioca: o Carnaval. Para tanto, prestemos tributos ao seu fundador e ao padroeiro, tomando de empréstimo os versos de compositores como o genial Billy Blanco, que nos idos do 4º Centenário escreveu: “Rio/ Estácio no passado fez este presente/ e deu abençoado três vezes à gente/ pois Deus é africano, índio e português ... Rio de São Sebastião que é de janeiro ... foi aqui/ que eu descobri o que a vida é/ e encontrei o meu amor.”

Ou um dos reis das marchinhas, João Roberto Kelly, no mesmo ano de 1965 das grandes efemérides, quando acentuou a juventude deste caudaloso Rio de Janeiro, fevereiro e março: “foi Estácio de Sá quem fundou/ e São Sebastião abençoou/ Rio é quatrocentão/ mas é um broto no meu coração.”

Insistente e merecidamente cantado e decantado, o hino da cidade ousa ser embalado no ritmo da marchinha, uma de suas mais expressivas traduções, na carnavalesca ‘Cidade Maravilhosa’, de André Filho, gravada aos 19 anos por Aurora Miranda, em 1934, pulsando em arranjo do maestro Pixinguinha e enaltecendo a “Cidade Maravilhosa/ cheia de encantos mil/ coração do meu Brasil... berço do samba e das lindas canções.”

O Rio passou a ser caixa de ressonância, no que tange à cultura carnavalesca, a partir de 1870 com o Zé Pereira, “português pançudo que de tamancos batia bumbo pelas ruas da cidade e foi um dos precursores do Carnaval carioca”, como nos ensina a pesquisadora Eneida Fernandes.

Soberana, a cidade entroniza nobres como o Rei Momo ou a Rainha do Rádio e dos eternos carnavais, a cantora Marlene. Esta merecidamente homenageada no mais recente Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso, na qual sagrou-se vitoriosa a instigante e atualíssima ‘Cadê a Viga?’, no contexto do Porto Maravilha com vistas ao megaevento olímpico de 2016. Como pede o cardápio das marchinhas, plena de versos de duplo sentido e, em certos, alegres e descontraídos tons, indaga: “Senhor prefeito/ não é intriga/ aonde foi/ que enfiaram aquela viga?/ Aquela viga/ é grossa pra chuchu!/ vai ver até/ que esconderam no Caju/ Aquela viga/ ninguém sabe, ninguém viu/ mandaram a viga/ lá pra ponte que partiu!”.

Entre nesse cordão! Como conclama o samba da Portela, venha e vibre na correnteza desse “Rio que vem e que vai” até “desaguar na glória de São Sebastião”.

Coordenador do Projeto Roteiros Geográficos do Rio da Uerj

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