Por thiago.antunes

Rio - Sim, fala-se mal do nosso principal aeroporto, o Tom Jobim. Fala-se muito mal, e com razão. É comum se ouvirem reclamações as mais diversas sobre os seus serviços. Costumo dizer que isso é ainda mais grave porque o Tom Jobim não é apenas a porta de entrada e saída para o Rio. Ele representa o cartão de visita, o “welcome” para o Brasil, não fosse nossa cidade a mais atraente do país e da América do Sul.

Mas não é sobre os desencontros penosos, que o antigo Galeão hoje provoca, do que quero falar. Assustei-me, há dias, ao ver nos jornais que a nova concessionária mudaria apenas a sinalização, isso a curto prazo. Ou seja, para a Copa os velhos dissabores continuam de pé. Já se pode deduzir o nível de insatisfação dos milhares de visitantes do Brasil e do mundo inteiro.

Assustei-me muito mais, contudo, ao saber que uma nova marca, “Aeroporto Rio de Janeiro”, só será usada a partir de agosto. Como é que é? Que delírio de irresponsabilidade e de desrespeito é esse de não se usar o nome do nosso Antonio Carlos Jobim faceando a marca? Quero recordar que o nome do Tom para o Galeão foi uma longa luta em que nosso meio intelectual se envolveu.

Fui testemunha ocular porque levei pessoalmente aos então presidentes da Câmara e do Senado, Michel Temer e Antonio Carlos Magalhães, um documento (que tive a honra de redigir) assinado por gente do porte de Oscar Niemeyer, Chico Buarque, João Ubaldo Ribeiro, Bibi Ferreira, entre outros.

O abaixo- assinado exigia desengavetar-se antigo projeto de lei que dormitava há anos e que dava a Tom o nome do Galeão. Quando o presidente do Senado finalmente aprovou em plenário o projeto, foi lido minutos antes o documento dos intelectuais do Rio.

O senador Artur da Távola correu a abraçar-me e choramos juntos. Pois bem, exige-se agora – e o façamos em grito veemente e uníssono – que a marca “Aeroporto Rio de Janeiro – Tom Jobim” seja a definitiva. E ponto final.

Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin

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