Rio - Pesquisa divulgada sexta-feira pelo Ipea derruba um tabu e acende um alerta: São Paulo não mais ostenta o indesejado título de lugar onde se perde mais tempo em trânsito. O posto, agora, é do Rio. Paulistanos gastam em média 45 minutos nos deslocamentos, e cariocas, 47 minutos. Não surpreende de todo: as ruas do Rio já vinham num processo de saturação que piorou de seis meses para cá, com as necessárias mas impopulares obras no Centro. Há projetos em andamento para melhorar o quadro, mas é preciso ir além, ou esses 47 minutos podem dobrar em breve — e tempo perdido na rua é dinheiro jogado pelo ralo.
São Paulo tem rede de metrô mais ampla que a do Rio, a despeito da onipresente superlotação, e conta com razoável malha de trens. Também explora linhas de ônibus em faixas exclusivas. No Rio, o metrô lentamente chega à Barra e não tem previsão de se expandir pela cidade. E os trilhos dos trens parecem que não vão a nenhum outro lugar. Resta apelar a BRTs e BRSs, hoje a única solução viável para tentar desafogar o trânsito. Sábado, o prefeito Eduardo Paes inaugurou pedaço da Transcarioca que, na sua visão, acabará com gargalos na Barra.
É pouco, diante dos engarrafamentos cada vez mais extensos e permanentes. Se o Rio quiser reduzir o tempo diário que impõe a quem precisa se deslocar para trabalhar, terá de pensar em mais soluções. Caso nada seja feito, num futuro não muito distante periga a cidade ficar totalmente congestionada e inerte.