Por thiago.antunes

Rio - A pacificação do Complexo da Maré, hoje a cargo das Forças Armadas, enfrenta a maior resistência desde que o programa das UPPs começou, há cinco anos. Em duas semanas, foram registradas duas mortes, uma em confronto direto com soldados. Sabe-se das dificuldades de controlar aquelas favelas, um território constantemente disputado por diferentes facções do tráfico e até por milicianos.

Teme-se, portanto, que se resvale para a truculência, para o indesejável ‘pé na porta’, que em nada se difere do jugo de criminosos. Dentro dessa ótica, porém, são alentadoras as palavras do general de brigada Roberto Escoto, comandante da Força de Pacificação da Maré, que aposta na inteligência.

Exercer papel de polícia não é atribuição do Exército, treinado para ações mais amplas, como a segurança nacional — mas na Maré, da mesma forma que foi observada no Alemão, ajuda o estado a resgatar comunidades. O problema é quando se cometem equívocos. Dentro do guarda-chuva da Garantia da Lei e da Ordem, a GLO, alguns podem pensar serem permitidos destemperos e excessos. Na retomada do Alemão, em novembro de 2011, O DIA denunciou o ‘mandado coletivo’, que permitia vasculhar a tudo e a todos, num cruel nivelamento por baixo, e considerava-se como “ato hostil” a “falta de educação”.

Quando se usa a inteligência, com “ações cirúrgicas”, nas palavras de Escoto — incluindo parcerias com as polícias —, chega-se ao que interessa: o criminoso, o foco de resistência, a logística que permite o enfrentamento. Colherá sucessos como a prisão, ontem, de dois chefões que ordenaram ataques a UPPs. Estratégia bem melhor que a generalização.

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